Social Good Brasil e o desafio de humanizar a tecnologia

O que você vai descobrir a seguir:

• Como o Social Good Brasil constrói pontes entre dados, inteligência artificial e impacto social.
• O papel do Festival SGB na formação de uma cultura digital mais empática.
• Os desafios enfrentados para democratizar o acesso à tecnologia no Brasil.

Fundado em 2011 com apoio da Fundação das Nações Unidas, o Social Good Brasil (SGB) nasceu com uma proposta que parecia ousada à época: usar a tecnologia para promover transformação social, de forma ética, acessível e, acima de tudo, humana. O tempo passou e a ousadia deu lugar à consistência. Hoje, mais de uma década depois, a organização continua operando nessa interseção entre dados e empatia, tecnologia e impacto.

No episódio #145 do podcast do InovaSocial, Silvia Luz, diretora executiva do SGB, relembrou essa trajetória. Ao longo da conversa, uma palavra se destaca: coerência. Desde o início, o SGB optou por um caminho que não se rende ao hype tecnológico. Para a organização, a tecnologia não é um fim em si mesma, é uma ferramenta. E como toda ferramenta, exige preparo, contexto e responsabilidade.

Psicóloga de formação, Silvia traz esse olhar mais humanizado para dentro da estratégia institucional. Suas experiências, tanto pessoais quanto profissionais, reforçam a ideia de que não é possível falar de inovação sem falar de pessoas. E, sobretudo, sem ouvir quem historicamente ficou fora da conversa digital.

Quando dados e sensibilidade se encontram

Hoje, o SGB opera com uma estrutura que vai além da formação técnica. Suas iniciativas incluem o Festival SGB, o laboratório de dados e formações como o “Cidadão de Dados” e “Inteligência Ampliada”. Todos esses programas compartilham uma missão: democratizar o conhecimento digital sem perder de vista as vulnerabilidades sociais do país.

É nesse ponto que surgem os maiores desafios:

Acesso desigual à tecnologia: embora o Brasil seja um dos países mais conectados do mundo em termos de redes sociais, a infraestrutura digital básica ainda é precária em muitas regiões. Isso limita a chegada de formações e projetos onde eles mais fariam diferença.
Resistência cultural ao tema dos dados: muitos ainda veem o universo dos dados como algo técnico demais, fora do seu alcance. Essa percepção afasta educadores, agentes públicos e lideranças comunitárias de iniciativas que poderiam fortalecê-los.
Falta de financiamento estruturado: como tantas outras organizações do terceiro setor, o SGB enfrenta dificuldades constantes para manter suas operações. Projetos premiados e reconhecidos muitas vezes precisam ser interrompidos ou redesenhados por falta de recursos.

Apesar disso, a organização tem encontrado caminhos para ampliar seu alcance. Uma das iniciativas mais recentes é o “SGB na Estrada”, que leva o festival a outras regiões do Brasil. A primeira edição ocorreu em Brasília, em parceria com o Instituto Sabin, e a próxima será em Belém, durante a COP. A proposta é clara: sair do eixo Sul-Sudeste e escutar outras vozes, outras demandas, outras realidades.

Também estão em curso novas adaptações nos conteúdos formativos, com módulos voltados à saúde mental, bem-estar digital e uso consciente da inteligência artificial. A ideia é que a formação técnica venha acompanhada de reflexões mais amplas sobre convivência e humanidade – temas que, aliás, dão o tom do próximo festival, cujo tema será “Coexistência”.

É essa a força do Social Good Brasil: traduzir o jargão tecnológico em linguagem comum. Não para simplificar o debate, mas para torná-lo acessível. E, nesse processo, colocar as pessoas (todas elas) no centro da transformação.

Para quem quiser mergulhar ainda mais nesse universo e ouvir a conversa completa com Silvia Luz, o player do episódio está logo abaixo. Ouça, compartilhe e reflita; porque, mais do que nunca, entender o papel da tecnologia no nosso dia a dia é também um passo para transformá-la. E, por que não, transformar o mundo com ela.

Créditos: Imagem Destaque – Paper Trident/Shutterstock

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