Designer brasileiro cria urna funerária para enterros sustentáveis

Designer brasileiro cria urna funerária para enterros sustentáveis

O que você vai descobrir a seguir:

  • • O projeto “À_Sombra” propõe uma urna funerária biodegradável feita de micélio, que regenera o solo e elimina danos ambientais, transformando corpos em nutrientes para o ecossistema.
  • •  A proposta sugere transformar cemitérios em espaços verdes e acolhedores, promovendo uma nova relação entre humanos e a natureza.
  • •  Inspirado na hipótese Gaia e tradições amazônicas, o projeto une ciência, cultura e natureza, ressignificando a despedida como parte de ciclos regenerativos.

Pensar no futuro pode significar reinventar como nos relacionamos com a morte. E é esse o convite do projeto “À_Sombra”, desenvolvido por João Pedro Alves Cavalcanti, sob a orientação da professora Jeanine Torres Geammal, da UFRJ. A proposta combina sustentabilidade, design e um novo olhar sobre os rituais de despedida.

A pergunta que norteia o projeto – como dialogar com os mortos? – é um chamado à reflexão sobre como podemos transformar a relação entre humanos, não-humanos, vivos e mortos. E a resposta surge com inovação: uma urna funerária biodegradável feita de micélio, a rede de fungos presente na natureza que conecta e nutre ecossistemas.

Do luto à regeneração ambiental

A proposta do “À_Sombra” é criar rituais de sepultamento que não apenas eliminem danos ambientais, mas também promovam novas paisagens verdes nos cemitérios urbanos. O micélio, matéria-prima da urna, é renovável, orgânico e se decompõe em apenas 30 dias após o enterro, liberando nutrientes e ajudando a bioremediar o solo, removendo poluentes. Assim, os corpos reduzidos por hidrólise alcalina, cremação ou processos naturais tornam-se substrato para a vida no planeta, contribuindo para ciclos de regeneração ambiental.

Designer brasileiro cria urnas de micélio para enterros sustentáveis

O projeto também repensa os espaços urbanos de despedida, redesenhando-os como ambientes acolhedores e habitáveis. Sob a sombra de árvores nutridas por micélio e partículas humanas, cemitérios ganham um novo significado, transformando-se em refúgios verdes que convidam à permanência e à contemplação em meio ao ritmo acelerado das cidades.

Inspirado em teorias como a hipótese Gaia (que sugere que o planeta Terra funciona como um organismo vivo, no qual todos os elementos interagem para manter o equilíbrio do sistema) e na tradição antropomórfica da Amazônia, o projeto conecta ciência, cultura e natureza em um diálogo único. Para João Pedro, objetivo é “compor novas paisagens”, unindo vivos e mortos, humanos, fungos, plantas e animais em ciclos nutritivos que renovam a vida.

“À_Sombra” transcende o âmbito acadêmico e se revela como uma reflexão profunda sobre o ciclo da vida. Entre a regeneração ambiental, a reconexão com a natureza e a ressignificação da despedida, surge uma mensagem simples, mas poderosa: a vida não termina; ela se transforma, renasce e segue em constante movimento.

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