Paredes em ziguezague podem ser a solução resfriar edifícios

Paredes em ziguezague podem ser a solução resfriar edifícios

Com as ondas de calor se tornando cada vez mais intensas e frequentes, é impossível ignorar a urgência de encontrar soluções que possam aliviar o calor sufocante nas cidades. A resposta imediata de muitos é aumentar o uso de ar-condicionado, mas essa medida tem um preço: contas de energia mais altas e um impacto ambiental considerável. Mas e se pudéssemos manter nossos prédios frescos sem recorrer tanto a essas máquinas?

Essa questão levou pesquisadores da Universidade Purdue, em colaboração com a Universidade de Columbia, a explorarem novas maneiras de enfrentar o problema. Em um estudo recente, eles propuseram uma solução que, à primeira vista, parece simples, mas promete ser revolucionária: paredes em ziguezague.

Sim, exatamente como o nome sugere, essas paredes onduladas têm o poder de transformar a maneira como lidamos com o calor dentro dos edifícios. Em dias de sol escaldante, essa inovação pode reduzir a temperatura interna em até 3°C.

O segredo? Está na capacidade dessas paredes de refletir o calor em duas direções. Cada superfície, estrategicamente posicionada, pode ser revestida com materiais específicos que otimizam a reflexão do calor, dependendo de como a parede está orientada.


Comparação entre uma parede plana e uma parede em ziguezague (ERZ): (A) Parede plana que absorve calor do solo e do sol; (B) Parede em ziguezague (ERZ) que reflete o calor do solo e emite calor para o espaço, ajudando a resfriar o prédio; (C e D) A parede ERZ ganha menos calor e perde mais calor em comparação com a parede plana; (E e F) A parede ERZ é projetada para refletir menos calor do solo e emitir mais calor para o céu, diferente da parede plana.

Se nos telhados, o uso de materiais que refletem o calor, como a famosa tinta branca ultrarreflexiva, já é uma prática comum, nas paredes, a história é outra. Essas superfícies verticais enfrentam o desafio de lidar com o calor que vem não só do céu, mas também do solo. O design em ziguezague entra em cena para resolver esse problema, permitindo que cada lado da parede faça o seu trabalho: refletir o calor de maneira eficiente, seja ele vindo de cima ou de baixo.

Além da eficácia, outro ponto que torna essa solução ainda mais interessante é a simplicidade de sua aplicação. Em edifícios já construídos, a instalação é rápida e envolve apenas a fixação de painéis pré-fabricados sobre as fachadas existentes. E para as novas construções, a adaptação das tradicionais paredes corrugadas com esses novos revestimentos é um processo direto.

Os benefícios não param por aí. Estudos indicam que esse novo design pode reduzir o consumo de energia para climatização em até 14% em edifícios de médio porte. Para os moradores, isso significa contas de luz mais baixas. Para o planeta, menos emissões de gases de efeito estufa. E em algumas situações, a combinação das paredes em ziguezague com telhados frescos pode até eliminar a necessidade de ar-condicionado. Um alívio para o bolso e para o meio ambiente.

Mas como tudo na vida, essa solução tem suas nuances. Em cidades com invernos rigorosos, a eficiência dessas paredes em refletir o calor pode se tornar uma desvantagem, aumentando a necessidade de aquecimento. Portanto, essa inovação brilha ainda mais em lugares onde o calor é o maior desafio, como nas regiões mais quentes com invernos amenos – pense em cidades como Rio de Janeiro, Cuiabá ou Manaus, por exmeplo.

Os pesquisadores, entusiasmados com o potencial dessa ideia, estão agora focados em patentear a inovação e transformá-la em um produto acessível para o mercado. A expectativa é que, em breve, possamos ver edifícios por aí que não só desafiam as ondas de calor, mas também abraçam um futuro mais sustentável e inteligente.

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