Categories Negócio de Impacto SocialPosted on 24/04/202324/04/2023Conheça a empresa que transforma hashis reciclados em mobília Presentes em diversas culturas do leste asiático, os hashis – pauzinhos de bambu utilizados como talher do outro lado do mundo – são uma parte importante da experiência culinária oriental. Apesar de charmosos, porém, esses utensílios não escapam das preocupações quando o assunto é geração de resíduos, sobretudo porque, em sua maioria, os hashis são descartáveis. Só na América do Norte, estima-se que até 50 bilhões de pares desses utensílios são importados da China todos os anos, viajando milhares de quilômetros para serem utilizados uma única vez. Em comparação com os talheres de plástico, o descarte dos hashis é muito menos nocivo ao meio ambiente – ainda assim, há quem defenda que eles não precisam terminar no lixo. Fundada em 2016, a ChopValue é uma companhia canadense que, além de coletar e higienizar os pauzinhos retirados do lixo, os transforma em mobília e artigos de decoração. Ao final desse ciclo, os itens são oferecidos numa loja online, com preços que variam de US$ 7, como no caso de um suporte para celular, a aproximadamente US$ 1.500 – preço cobrado por uma mesa com ajuste automático de altura. Uma única mesa pode levar até 10.000 hashis reciclados A fim de viabilizar o beneficiamento dos pauzinhos, a companhia trabalha diretamente com restaurantes que oferecem hashis aos seus clientes, além de escritórios corporativos, instituições de ensino e o aeroporto internacional de Vancouver, onde a empresa mantém sua sede. Após serem coletados das lixeiras desses parceiros, os hashis passam por uma lavagem, são envoltos em verniz e secados em um forno. O final de seu processamento é feito em uma prensa, que transforma vários pauzinhos em blocos inteiriços de bambu ou madeira. A partir daí, transformá-los em prateleiras ou suportes é uma questão de criatividade. Ainda assim, se engana quem pensa que, por lidar com uma matéria-prima descartada pela maioria das pessoas, o modelo de negócio da ChopValue é simples de manter. Afinal, enquanto uma tábua de corte para queijos pode levar 300 hashis reciclados, um armário pequeno, desses que colocamos ao lado da cama, pode exigir até 2.500 deles. Já em uma mesa grande, como essa que mencionei acima, cerca de 10 mil pauzinhos são utilizados – e como ocorre em todo negócio, a operação precisa ter escala para ser economicamente viável. A cada dia, uma média de 8 a 10 mesas são produzidas, mostrando que beneficiar o material pode ser muito mais fácil que garantir um suprimento constante de hashis reciclados. A fim de solucionar esse problema, a companhia aposta em um modelo de produção descentralizado, com pequenas fábricas localizadas nas mesmas cidades onde os hashis são coletados. Ao operar essas mini-fábricas sob o modelo de franquia, a empresa também afirma que gera mais empregos, sem contar a redução de custos e emissões de CO2 com transporte e logística. Para alcançar toda essa eficiência, porém, a localização de cada mini-fábrica deve ser minuciosamente planejada, exigindo que o local não só tenha um amplo fornecimento de hashis reciclados, mas também um público interessado no produto final. Atualmente, além de operar em seis localidades no Canadá, a ChopValue está presente em cidades dos EUA, do México e da Europa. Ainda em 2023, a companhia também espera inaugurar 25 mini-fábricas na Indonésia, além de outras 5 em Cingapura e na Malásia. Mais do que reciclagem, empresa aposta na economia circular Em sua empreitada mais recente – e ousada – até o momento, a ChopValue vem tentando fornecer mobília para cadeias de fast-food e restaurantes, dando preferência aos que já reciclam seus hashis, é claro. Apesar de não oferecê-los na maioria de suas franquias, o McDonald’s é uma das primeiras empresas a apostar na ideia, com três unidades canadenses utilizando o material em suas bancadas e acabamentos. A iniciativa de retornar os hashis ao comércio de alimentos tem a ver com o histórico do CEO e fundador da companhia, Felix Böck, que sempre foi afeito à economia circular. Em sua fala para a revista digital Fast Company, ele explica que sequer esperava que o negócio dos hashis fosse sustentável do ponto de vista financeiro. Para ele, era apenas um ponto de partida, uma forma “mais atraente” de se contar uma história sobre reciclagem. Hoje, após acumularem mais de 100 milhões de hashis reciclados, Böck acredita que, se empregado do modo certo, o modelo das mini-fábricas pode ser replicado em qualquer lugar do mundo, inclusive com outros tipos de resíduos. SMĪLE: The Modular Shelving Unit Made Entirely Of Chopsticks Créditos: Imagem Destaque – Maisei Raman/Shutterstock Compartilhe esse artigo: