Categories Soluções de ImpactoPosted on 18/11/202105/05/2022Os desafios e oportunidades da Educação na América Latina pós pandemia A pandemia de COVID-19 provocou deficiências sem precedentes nos sistemas educacionais, despertando novas necessidades e demandas na América Latina. Nesse cenário, se torna cada vez mais necessário ter acesso a dados relevantes e que possibilitem uma visão crítica para o planejamento educacional. Para discutir essas soluções e desafios na região, o Instituto Internacional de Planejamento Educacional (IIPE) da UNESCO realizou, entre os dias 3 e 5 de novembro, a edição deste ano do Fórum Regional de Política Educacional. O encontro virtual reuniu autoridades ministeriais de 29 países da região, além de centenas de representantes da sociedade civil, de organizações internacionais e do meio acadêmico para discutir o papel dos sistemas de informação na elaboração e reorientação de políticas educacionais inclusivas, com foco nas implicações políticas da Agenda ODS-Educação 2030 e em estratégias eficazes para sua implementação. Fábio Gomes, Diretor Nacional de Políticas de Alfabetização e Secretário de Alfabetização do Ministério da Educação (MEC), e outros representantes brasileiros da UNESCO – como Mariana Braga, Oficial de Programas de Educação, e Bruna Pereira, Oficial Coordenadora de Educação – trouxeram recortes do país e participaram das discussões do Fórum junto de outros formuladores de políticas educacionais latino-americanos e caribenhos. Cenário na América Latina A crise sanitária gerada pela covid-19 também provocou o fechamento das escolas e outros centros de ensino. Com isso, é muito provável que os avanços no cumprimento da Agenda Educação 2030 e do ODS 4 tenham sofrido uma desaceleração. Estimativas recentes do Instituto de Estatística da UNESCO (UIS) concluem que cerca de 165 milhões de estudantes na região da América Latina e Caribe foram afetados pela interrupção das aulas no momento mais crítico da pandemia. Também é possível estimar que 3 entre 5 crianças no mundo que perderam cerca de um ano escolar durante a pandemia vivem na região, segundo dados da UNICEF. De acordo com outro relatório, também da UNESCO, as escolas de todo o mundo passaram em média 2/3 do ano letivo fechadas e o Brasil está entre os países com maior expressividade nessa questão, com escolas totalizando até 40 semanas com as portas fechadas. Os países possuem os dados educacionais necessários para responder à pandemia? Além das novas demandas do sistema educacional da América Latina e Caribe, outra grande preocupação do Fórum foi destacar a importância de termos mais acesso a dados que permitam monitorar a educação à distância, frequência escolar nos diferentes formatos, planejamento do retorno ao presencial, mensuração do impacto na aprendizagem, entre outros. Neste ponto, os Sistemas de Informação para a Gestão Educacional, também conhecidos pela sigla em espanhol SIGEd, são relevantes como instrumentos de garantia do direito à educação SIGEd – e que agora, com o cenário pandêmico, terão que passar a incluir novas variantes e dados que antes não eram considerados, a fim de lidar com as mudanças que já existem e aquelas que ainda estão por vir. “Num contexto de agravamento da desigualdade de oportunidades em consequência da pandemia, é fundamental que os países da região tenham sistemas de informação eficazes, capazes de produzir dados válidos e confiáveis, mas sobretudo que utilizem os dados recolhidos e sistematizados no processo de planejamento e gestão dos sistemas educacionais”, afirmou Pablo Cevallos Estarellas, Diretor do Escritório para a América Latina do IIPE UNESCO. A discussão também se centrou bastante na necessidade de gerar sistemas de informação que permitam o diagnóstico dos fenômenos de exclusão nos sistemas educacionais da região. Isso também permitiu colocar alguns desafios para o futuro: a necessidade de melhor aproveitamento das informações já existentes na política educacional, a importância de incluir variáveis que permitam evidenciar alguns condicionantes de acesso e a ampliação das possibilidades de desagregação de dados por meio da combinação de fontes de informação. Conclusões: desafios e oportunidades que marcarão a educação na América Latina O desafio mais importante é garantir a qualidade e análise robusta das informações. No cenário da América Latina ainda faltam insumos que possibilitem um olhar mais crítico e estratégico. “A informação por si só não gera melhorias. Os esforços não devem se concentrar na produção de informações, mas, sim, utilizar os dados com estratégia para garantir o pleno direito à educação. A usabilidade dos dados gera um fortalecimento do planejamento e da gestão das políticas educacionais, e assim temos as melhorias”, afirmou Cevallos. É preciso repensar o modelo dos sistemas de informação, passando de um modelo centralizado para um modelo de rede de discussão, com interoperabilidade com o centro. Nesse sentido, podemos enxergar as escolas como produtoras de informação e os orientadores em um nível intermediário, atuando como filtros. Também devem ser instituídos centros de ensino como referência para essas redes de informação, com capacidade de antecipação e alerta precoce para uma atuação mais eficaz nos problemas. Para pensar em integração, em primeiro lugar, é necessário evitar sobrecarregar as escolas – elas não podem estar revelando informações para a administração e para as áreas estatísticas. Com todo o avanço tecnológico (notas, boletins online, etc.) provocado pela pandemia, também é importante pensar em como aproveitar esse insumo para a construção de estatísticas relevantes. O orientador se apresenta como uma figura interessante para coletar essas informações e torná-las acessíveis a diferentes usuários porque é quem mais acompanha as atividades escolares de perto, podendo fazer melhor uso das informações disponíveis. “O Fórum Regional tem um grande valor para os países aprenderem uns com os outros e, de certa forma, é uma experiência de aprendizado entre países com contextos culturais semelhantes e níveis de desenvolvimento comparáveis. Também é uma grande oportunidade para atores de alto nível de quase todos os ministérios da educação da América Latina e Caribe, e especialistas em políticas educacionais, se reunirem em tempo real para trocar experiências e deliberar livremente sobre os problemas reais que enfrentam“, concluiu Cevallos. Para saber mais sobre o Fórum Regional 2021 e acessar outros recursos disponíveis, clique aqui. La Agenda 2030 y el planeamiento de la educación __ Créditos: Imagem Destaque – Rido / Shutterstock Compartilhe esse artigo: