Microsoft quer levar internet para áreas rurais usando sinal de televisão

Microsoft quer levar internet para áreas rurais usando sinal de televisão

Com a popularização das mídias digitais, a internet tornou-se um commodity como, por exemplo, energia elétrica. Se a cidade não possui conexão, existe algo de errado com aquela região. É claro que existem problemas mais urgentes e críticos, mas empresas como Facebook e Google, que dependem dos acessos dos usuários, já entraram na luta para levar internet aos cantos mais remotos do planeta. De balões a drones, nenhuma empresa conseguiu lançar um projeto viável (principalmente do ponto de vista financeiro). Até agora…

A Microsoft se lançou na vanguarda deste mercado e apresentou o plano de usar a “faixa branca” dos sinais de televisão para transmitir internet aos pontos mais remotos. Explicando de forma leiga, a faixa branca ou “espectro intercalar” são espaços não utilizados pelas coberturas televisivas e que podem ser utilizados para transmitir o sinal de internet. A ideia é bem parecida com a internet a rádio, mas usando outro tipo de frequência. A vantagem desse espectro é que ele pode viajar por vários quilômetros e ultrapassar barreiras como elevações de terra ou prédios. Quem chegou a utilizar internet a rádio deve se lembrar que bastava passar um pombo na frente do sinal, que a conexão já era.

 A vantagem desse espectro é que ele pode viajar por vários quilômetros e ultrapassar barreiras como elevações de terra ou prédios.

Apesar de usar uma tecnologia específica, que transforma o sinal em conexão, a Microsoft afirmou – durante uma coletiva no Willard Hotel, mesmo lugar onde Graham Bell demonstrou pela primeira vez as chamadas telefônicas de costa a costa – que o plano deve funcionar com preços competitivos e o receptor deve chegar a casa dos US$ 200 (atualmente o hardware custa US$ 1.000). Vale ressaltar que a Microsoft também pode utilizar a faixa branca como distribuição para roteadores e, partindo desses hubs, distribuir a conexão para os usuários por meio de outra tecnologia convencional (wi-fi, cabo, etc.).

Para efeito de comparação e trazendo para a nossa realidade, atualmente as áreas rurais no Brasil contam com serviços por satélite. A HughesNet, empresa de comunicação por satélite fundada por Howard Hughes (se você assistiu “O Aviador”, com Leonardo Di Caprio, deve lembrar quem é ele) cobra planos que variam de R$ 239,90 a 759,90 com velocidades de 15 a 25 MB. O preço pode parecer alto se você mora em uma região metropolitana, mas para áreas rurais, a solução da HughesNet é uma das poucas alternativas, visto que colocar em órbita e manter um satélite ativo não é algo nada barato.

De acordo com a FCC, atualmente existem 34 milhões de americanos sem conexão a banda larga, dos quais 23.4 milhões vivem em áreas rurais – confira o infográfico abaixo. O plano da Microsoft é colocar em prática 12 projetos piloto em 12 Estados diferentes nos próximos 12 meses. Para quem quiser saber mais sobre a iniciativa, a Microsoft liberou um whitepaper (em inglês) onde detalha todo o projeto e um resumo de duas páginas, para quem quiser conhecer os detalhes principais.

Ainda falando sobre FCC (Comissão Federal de Comunicações, em tradução livre, órgão equivalente à nossa Anatel), leiloou apenas 84MHz dos sinais digitais nos EUA, ou seja, isso significa que existem mais faixas brancas disponíveis para a expansão do mercado que a Microsoft está apostando.

Conexão de internet nos EUA

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