Categories Tecnologias SociaisPosted on 30/04/202530/04/2025O que uma IA aprendeu sobre caminhar nas cidades ao observar pedestres em Hong Kong O que você vai descobrir a seguir: • Quais elementos urbanos aumentam a disposição das pessoas a caminhar pelas cidades. • Como a inteligência artificial foi usada para mapear e entender a experiência dos pedestres em Hong Kong. • De que forma essas descobertas podem impactar o design urbano em outras cidades, inclusive brasileiras. Algumas cidades parecem abraçar quem caminha por elas. Outras, expulsam com suas calçadas estreitas, falta de sombra e ausência de bancos. Essa diferença, embora subjetiva, começa a ser desvendada com a ajuda da tecnologia. Um estudo recente da Perkins Eastman, intitulado “Are These Streets Made for Walking?”, mergulhou nessa questão com profundidade e inovação. A pesquisa, feita no movimentado distrito de Kowloon, em Hong Kong, usou inteligência artificial, imagens do Google Street View e mais de 100 mil entrevistas com moradores para entender o que faz uma rua ser mais convidativa ao pedestre — especialmente para quem está na terceira idade. O que torna uma rua mais convidativa para caminhar? Com mais de 32 mil imagens analisadas, os pesquisadores mapearam elementos visuais e estruturais das ruas, identificando padrões que incentivam a caminhada. Abaixo, os principais fatores revelados pelo estudo: • Bancos públicos: aumentam o tempo de permanência nas ruas e criam pontos de descanso essenciais para idosos e pessoas com mobilidade reduzida. • Árvores e sombra: proporcionam conforto térmico, especialmente em cidades quentes, e reduzem a sensação de insegurança. • Calçadas largas: favorecem o fluxo de pedestres, inclusive cadeirantes, e permitem que pessoas caminhem lado a lado. • Faixas de pedestres bem posicionadas: tornam a travessia mais segura e visível. • Postes de iluminação pública: melhoram a segurança noturna e a sensação de proteção. • Janelas e vitrines voltadas para a rua: aumentam a interação social e a vigilância natural. O ponto central da inovação foi o olhar “humano” trazido pela IA. Em vez de usar dados frios, como distância até comércios ou densidade populacional, o foco foi no que o pedestre realmente vê e sente. Ao analisar imagens de trechos de 10 metros da cidade, o sistema foi capaz de mensurar quanto espaço as árvores ocupam, onde há bancos, se a calçada é larga, e por aí vai. Essas descobertas embasaram um conjunto de diretrizes de design urbano que pode ser aplicado não apenas em Hong Kong, mas adaptado para qualquer cidade do mundo. E esse é o detalhe mais promissor do estudo: a possibilidade de exportar soluções. Um modelo treinado com os dados de Kowloon pode, com os ajustes certos, contribuir para requalificar regiões de São Paulo, Recife, Porto Alegre, ou outras cidades país (e mundo) afora. O estudo também toca num ponto sensível: o envelhecimento da população. Criar cidades caminháveis não é só uma questão de mobilidade. É sobre autonomia, saúde e bem-estar social. E o que funciona para os mais velhos tende a beneficiar todos – crianças, pessoas com deficiência, adultos que preferem andar a pé. Com essas ferramentas, urbanistas e gestores públicos ganham um novo aliado. Afinal, planejar espaços urbanos deve ir além do concreto: precisa partir do olhar de quem caminha todos os dias por essas calçadas. Se quiser se aprofundar, o estudo completo está disponível logo abaixo. Nele, você vai encontrar dados visuais, mapas e insights detalhados sobre como a inteligência artificial pode redesenhar nossas cidades a partir do ponto de vista de quem caminha por elas todos os dias. Créditos: Imagem Destaque – Daryaart9/Shutterstock Compartilhe esse artigo: