Demanda pela preservação ambiental alerta para valorização da floresta em pé, diz estudo

Demanda pela preservação ambiental alerta para valorização da floresta em pé, diz estudo

As preocupações em reduzir os impactos ambientais, aceleradas pela pandemia da COVID-19, já são uma prioridade para empresas, funcionários e consumidores brasileiros dos segmentos de agricultura, alimentos e bebidas, conforme estudo global realizado pela organização ambiental The Nature Conservancy (TNC), em parceria com a Edelman Data x Intelligence. Os resultados reforçam a importância da valorização da floresta em pé no combate às mudanças climáticas.

No Brasil, entre as prioridades na agenda de sustentabilidade, a otimização do uso de recursos naturais é a principal preocupação entre os três públicos ouvidos. A proteção à biodiversidade e a redução da perda de espécies aparecem como a segunda prioridade entre os funcionários e consumidores dessas empresas, evidenciando maior conscientização sobre a preservação ambiental nas cadeias produtivas. Alinhados às expectativas dos consumidores, os executivos dessas organizações elegeram a proteção ao meio ambiente, de forma a salvaguardar a sustentabilidade dos negócios, como uma das mais importantes metas, atrás apenas da preocupação em fornecer alimentos e bebidas seguros. Intitulada Investindo na recuperação verde, a pesquisa ouviu 795 executivos, 1.571 funcionários e 2.002 consumidores em oito países, sendo 551 entrevistados no Brasil.

O recorte local também mostra que funcionários (87%) e consumidores (76%) confiam nas empresas desse setor, mas apontam que há margem para melhorias. As principais conclusões incluem ainda o fato de que a sustentabilidade está agora firmemente estabelecida, ao lado da segurança dos produtos, como uma das principais prioridades do consumidor, à frente da segurança dos funcionários, inovação de produtos e eficiência operacional, entre outros. Estes dados traduzem o anseio da opinião pública por uma proposta de valor inerente à sustentabilidade, com ganhos comerciais, de reputação e imagem.

“O último ano foi, sem dúvida, um período em que as indústrias de alimentos, bebidas e agricultura focaram esforços em se reinventar, a partir das crescentes exigências do mercado nacional e internacional para seguir os critérios ESG (na sigla em inglês, Environmental, Social and Governance)”, diz Rodrigo Spuri, diretor de Conservação da TNC Brasil. “Entretanto, os resultados deste estudo refletem que isto não tem sido suficiente para seus consumidores e funcionários, evidenciando que há demanda para aprofundarem ainda mais seus compromissos socioambientais”, conclui o executivo.

O estudo também aborda a percepção dos públicos sobre os riscos associados a esses segmentos. Para os executivos brasileiros, o maior deles é a poluição da água (55%), mesmo resultado na maioria dos demais países pesquisados, seguida de possíveis pandemias (38%) e degradação do solo (29%). Estes dados explicitam que há consenso, entre este público, sobre a necessidade de desenvolver ações de mitigação relacionadas à conservação ambiental, de forma a garantir a longevidade de seus negócios.

“A percepção de que a água é um bem cada vez mais escasso cresce em todo o planeta, inclusive para os setores agrícola e industrial. Por isso, também é preciso investir em soluções baseadas na natureza que geram benefícios a partir de serviços ambientais, adaptação e resiliência às mudanças climáticas, de forma a reduzir os riscos hídricos”, explica Samuel Barrêto, gerente nacional da estratégia de água da TNC Brasil. “Só há uma maneira para ampliar a segurança hídrica: ir além dos muros das fábricas e cuidar da bacia hidrográfica por inteiro em uma ação coletiva e cooperativa com a própria natureza”, diz Barrêto.

De forma a compreender o volume de recursos alocados para avançar nesta agenda, a pesquisa consultou ainda os investimentos que as empresas planejam fazer em benefício de uma recuperação verde. Segundo o estudo, a maior parte das empresas questionadas (39%) autodeclarou a alocação entre 6% e 15% da receita em ações voltadas para a questão ambiental.

Em 37% dos casos houve aumento na alocação de recursos em relação ao ano anterior e entre os motivos do aumento nos investimentos estão a necessidade de reduzir os impactos de longo prazo no planeta (57%); o aumento da lucratividade como viabilizador de mais recursos para iniciativas voltadas à sustentabilidade (51%) e o diferencial competitivo que os investimentos na questão ambiental irão possibilitar (46%). Este dado mostra que as empresas entendem que precisam aumentar seus investimentos em sistemas de produção regenerativos não apenas para reduzir seu impacto ambiental, mas também buscar resultados financeiros de longo prazo e maior lealdade de funcionários e consumidores.

Por outro lado, 46% dos executivos ouvidos pretendem reduzir os recursos voltados para a sustentabilidade prioritariamente em razão da alocação em ações em prol do bem-estar dos funcionários e resposta a crises, embora estas tenham impacto positivo direto ao investir na preservação do meio ambiente.

Entre as barreiras para implementação de iniciativas voltadas à conservação apontadas pelos tomadores de decisão destas indústrias estão a necessidade de ações dos governos locais e restrições financeiras. Estes resultados, somado ao Relatório produzido pelo Paulson Institute, TNC e Cornell Atkinson Center for Sustainability, reforçam que os principais desafios para avançar na agenda de preservação ambiental estão na combinação de reformas de políticas inteligentes para reduzir os impactos negativos sobre a biodiversidade e, consequentemente, no fomento aos fluxos financeiros do setor privado para a conservação da biodiversidade.

Segundo Giovana Baggio, gerente de Agricultura Sustentável da TNC Brasil, “a manutenção da atividade agrícola depende da disponibilidade equilibrada de recursos naturais. Sem solo fértil, clima favorável e água limpa, não é possível produzir alimentos, fibras e combustíveis renováveis”. A especialista explica que a atividade humana não precisa ser incompatível com a conservação da natureza, já que as duas estão interligadas; e ainda completa que “é fundamental que as companhias invistam mais em práticas responsáveis e resilientes às mudanças climáticas, desde o campo até o consumidor final, porque este é o caminho para que a produção agrícola seja viável no longo prazo, em que a produção e natureza sejam parceiras”.

Para conferir o estudo completo, clique aqui.

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Créditos: Imagem Destaque – PARALAXIS /Shutterstock

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