Categories Soluções de ImpactoPosted on 12/09/202512/09/2025Brasil bate recorde de geração eólica e solar com 34% da eletricidade em agosto O que você vai descobrir a seguir: • Em agosto de 2025, energia eólica e solar bateram recorde: 34% da eletricidade do Brasil. • O marco foi possível com a safra dos ventos, novas usinas e a entrada da solar distribuída nos dados. • Apesar do avanço, a média anual dessas fontes segue em 24%, ainda abaixo de 1/3 no ano todo. Quando olhamos para o retrato de agosto de 2025, vemos que o Brasil ganhou um novo capítulo na sua transição energética. Eólica e solar somadas passaram de um terço da eletricidade produzida, alcançando 34%, o equivalente a 19 TWh no mês. A participação hídrica, que tradicionalmente reina no nosso sistema, ficou próxima da metade da geração em agosto de 2025, segundo estimativas do setor, enquanto as fontes fósseis permaneceram abaixo de 15%. Foi um marco mensal, não anual, mas que mostra como vento e sol já sustentam o sistema quando a água aperta. Para entender melhor esse recorde, vale olhar o cenário mais amplo. Em 2024, a soma de eólica e solar respondeu por 24% da eletricidade brasileira. No mesmo ano, a matriz como um todo chegou a 88,2% de fontes renováveis, impulsionada pelo peso das hidrelétricas e pela rápida expansão das novas renováveis. Isso mostra que o resultado de agosto não foi um ponto isolado, mas sim o retrato de uma curva ascendente que vem se fortalecendo ano após ano. Por que isso aconteceu agora? Por trás do recorde, três peças se encaixam como num quebra-cabeça energético que redefine o cenário brasileiro: 1. Sazonalidade: Agosto marca o auge da “safra dos ventos” no Nordeste. Nessa época, a geração eólica costuma atingir picos históricos, chegando a superar em muito a demanda regional, segundo registros do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esse padrão se repete nos terceiros trimestres e ajuda a elevar a fatia da eólica na matriz elétrica. 2. Capacidade nova na rede: Entre janeiro e agosto de 2025, 71 usinas entraram em operação comercial, sendo 32 eólicas (1,11 GW) e 18 solares (0,78 GW), o que significa mais turbinas e mais painéis entregando MWh justamente na estação mais favorável. 3. Mensuração mais completa: Desde abril de 2023, o ONS passou a incorporar a micro e minigeração distribuída (MMGD) na página “Carga e Geração”, fazendo com que a produção dos telhados solares apareça nas estatísticas públicas; isso permite capturar melhor a contribuição da solar no horário do meio-dia. O que muda na prática? O recorde de agosto mostrou que a matriz elétrica brasileira está mais preparada para lidar com oscilações da hidrologia. Mesmo com a queda das hidrelétricas, não houve aumento expressivo do uso de térmicas, o que ajudou a conter custos e emissões. Essa diversificação dá mais segurança ao sistema e reduz a dependência de uma única fonte. Além disso, setembro trouxe um reforço estrutural importante: a interligação de Roraima ao sistema nacional. A obra foi autorizada para operação nesse mês, com a expectativa de reduzir a dependência de térmicas caras e poluentes no estado. É um passo que simboliza bem o desafio que vem pela frente: expandir as linhas de transmissão para levar o excedente renovável do Nordeste até os grandes centros consumidores, tornando resultados como o de agosto cada vez mais frequentes. O que esperar daqui para frente? É importante lembrar que o recorde de agosto é mensal, não anual. Em 2024, a soma de eólica e solar respondeu por 24% da eletricidade brasileira, o que mostra que ainda há distância até que um terço do total seja atingido de forma consistente ao longo de todo o ano. Mesmo assim, a curva é ascendente: cada novo parque que entra em operação e cada telhado solar que passa a gerar energia aproximam o país desse patamar. O futuro vai depender da expansão da transmissão, capaz de levar o excedente renovável do Nordeste para os grandes centros consumidores, e da manutenção do ritmo de entrada de novos projetos. Se essas condições forem atendidas, meses como o de agosto de 2025 deixarão de ser exceção e se tornarão parte da rotina da matriz elétrica brasileira. Créditos: Imagem Destaque – Samuel Ericksen/Shutterstock Compartilhe esse artigo: