Categories Saúde Mental & Bem-EstarPosted on 17/02/202517/02/2025Por que estamos “desaprendendo a andar” – e como reverter isso O que você vai descobrir a seguir: • Como o simples ato de andar transforma a maneira como vivemos a cidade. • Por que cidades feitas para pedestres são mais saudáveis, humanas e vibrantes. • Exemplos inspiradores de lugares que redescobriram o prazer da caminhada. Se tem algo que faz você entender de verdade uma cidade, é caminhar por ela. Mas não aquele passeio apressado entre um compromisso e outro, grudado na tela do celular. Falamos do caminhar de verdade; aquele que faz você notar a textura das calçadas, os cheiros que mudam de uma rua para outra, as histórias que o tempo esculpiu nas esquinas. A cidade que se vê do banco de um carro nunca será a mesma daquela vivida com os pés no chão. Mas, apesar de tudo isso, andar a pé virou um desafio em muitos lugares. Mas não só pela falta de tempo – porque tempo a gente arranja quando algo é prioridade. O problema é que, por décadas, nossas cidades foram moldadas para os carros, e não para as pessoas. As ruas foram alargadas, as calçadas encolheram e, em muitos bairros, o simples ato de andar deixou de ser uma escolha viável. O resultado? Perdemos muito mais do que um simples meio de locomoção. Perdemos a conexão com o espaço, com as pessoas e até com nós mesmos. E o pior: a caminhada, esse ato tão natural e essencial, virou quase um luxo. Quem vive em bairros planejados para pedestres, com calçadas largas, praças e comércio acessível, tem o privilégio de simplesmente sair de casa e andar sem preocupação. Já quem mora em áreas tomadas pelo tráfego pesado ou mal iluminadas nem sempre tem essa opção. Assim, o direito de caminhar – algo tão básico – vira uma questão de privilégio urbano. Cidades que entenderam o poder da caminhada Algumas cidades ao redor do mundo já perceberam que caminhar não é só uma necessidade, mas um fator essencial para a qualidade de vida. Paris, por exemplo, tem adotado medidas significativas para reduzir o tráfego de veículos no centro da cidade e ampliar espaços para pedestres e ciclistas. Desde novembro de 2024, a Zona de Tráfego Limitado (ZTL) foi instaurada nos 1º, 2º, 3º e 4º distritos, abrangendo áreas como o Museu do Louvre e os Jardins das Tulherias. A iniciativa busca reduzir o tráfego em até 30%, melhorar a qualidade do ar e diminuir a poluição sonora. Além disso, a prefeitura planeja transformar 60 mil vagas de estacionamento em áreas verdes até 2030, criando 300 hectares de espaços vegetados para mitigar as ilhas de calor e incentivar deslocamentos sustentáveis. Nova York, uma das cidades mais frenéticas do mundo, mostrou que até megacidades podem priorizar os pedestres. Um exemplo disso é a transformação da Times Square, onde, desde 2009, o tráfego de veículos foi eliminado na Broadway entre as ruas 42 e 47, criando uma praça pública de aproximadamente 10.000 metros quadrados. A mudança não apenas melhorou a mobilidade urbana, mas também reduziu acidentes de pedestres em 40% e de veículos em 15%, tornando a região mais segura e convidativa. Na América Latina, Bogotá se destaca com a Ciclovía, um projeto que fecha mais de 100 quilômetros de vias aos domingos e feriados, permitindo que pedestres e ciclistas tomem as ruas. No Brasil, São Paulo e Curitiba já adotam iniciativas parecidas. A Paulista Aberta transformou a avenida mais icônica do país em um espaço de lazer aos domingos, enquanto Curitiba foi pioneira na criação de calçadões exclusivos para pedestres. Pequenas mudanças que mostram como o simples ato de caminhar pode reconfigurar a forma como vivemos a cidade. O que você pode fazer para (re)descobrir o prazer de caminhar Quer tornar a caminhada parte do seu dia a dia? Aqui estão algumas ideias: Troque o carro por passos: Pelo menos em pequenos trajetos. Supermercado, padaria, farmácia… sempre que possível, vá a pé. Descubra novos caminhos: Sabe aquela rua onde você nunca passou? Experimente mudar o trajeto. A cidade sempre tem algo novo para mostrar. Diminua o ritmo: Não caminhe apenas para chegar. Preste atenção nos detalhes ao redor: arquitetura, natureza, pessoas. Apoie a mobilidade ativa: Participe de movimentos que defendem melhorias para pedestres e ciclistas na sua cidade. Pressione governantes, cobre infraestrutura. Aproveite espaços caminháveis: Descubra parques, praças e ruas fechadas para pedestres na sua cidade. Incentive outras pessoas: Caminhar pode ser um ótimo programa social. Convide amigos para explorar a cidade juntos. Então, fica o convite: na próxima vez que estiver na rua, desacelere. Escolha um caminho diferente. Entre em uma livraria que você nunca notou antes. Repare nos prédios, nos pequenos detalhes da cidade que sempre estiveram lá, mas que a pressa te impedia de enxergar. Porque, no final das contas, caminhar é um jeito de resistir e de reencontrar o prazer de viver a cidade. Compartilhe esse artigo: