Rubicon Bakers: Uma padaria uma uma missão social

Rubicon Bakers: Uma padaria uma uma missão social

O norte-americano Deantee James ficou procurando emprego por cerca de um ano, até chegar ao seu atual cargo de padeiro, em Richmond (Califórnia, EUA). Além de enfrentar questões que milhões de pessoas enfrentam ao procurar emprego, Deantee tinha um problema a mais: ele tem uma ficha criminal, o que torna tudo mais difícil. Segundo estudos realizados nos EUA, homens negros com ficha criminal têm apenas 5% de chances de serem contratados após uma entrevista. Mas a Rubicon Bakers, padaria onde Deantee trabalha agora, foi deliberadamente criada para dar uma segundo chance às pessoas.

A padaria foi criada há 25 anos, como um programa de treinamento para uma ONG, para ajudar pessoas desabrigadas, com histórico de vícios ou que procuravam emprego após sair da prisão. Hoje, a Rubicon Bakers é um negócio que vem crescendo rapidamente e possui produtos disponíveis para venda em mais de 2.500 lojas. E, no último ano, seu número de funcionários dobrou.

Andrew Stoloff, o CEO, conheceu a Rubicon Bakers há 10 anos, em um momento em que o projeto estava passando por sérios problemas financeiros. Andrew, que já era um restaurateur de sucesso ajudou os administradores com alguns conselhos e, quando a ONG decidiu vender a padaria, Andrew os ajudou a encontrar um comprador – mas ninguém parecia estar interessado.

“Naquele momento, a padaria tinha 14 funcionários de meio período, muitos clientes e diversos equipamentos antigos doados,” Andrew conta. “Não era um’pacote’ muito atrativo, mas eu já havia me apaixonado pela missão e decidi comprar o negócio sozinho.”

Após revisar as finanças e passar um tempo na padaria, ele percebeu que aquele era um negócio com grandes oportunidades que realmente poderiam melhorar o cenário como um todo e decidiu transformar o projeto em uma empresa com fins lucrativos. Andrew reduziu os gastos com ingredientes e outros suprimentos, mas prometeu não cortar os empregos. Então, a padaria começou a crescer.

Andrew sabe que a qualidade dos produtos produzidos por eles é o que faz com que lojas vendam seus bolos e cupcakes pelo país todo, e não a missão da Rubicon Bakers em si. A empresa trabalha para oferecer o que o mercado quer, se a padaria não entregar as encomendas no prazo certo ou se os produtos perderem a qualidade, os consumidores não vão “perdoá-los” simplesmente por seu impacto social. Mas a missão da empresa continua sendo a mesma.

Hoje, as vagas da Rubicon Bakers são abertas para todas as pessoas e a empresa trabalha em parceria com ONGs para se conectar a possíveis funcionários que estão com dificuldades em encontrar um emprego em outros lugares. Além, disso a empresa também oferece mais flexibilidade para o funcionário que talvez possa precisar faltar ao trabalho.

Quando uma pessoa sai da prisão, ela precisa lidar com uma série de coisas. Elas podem ter que resolver questões ligadas a moradia ou ao transporte – às vezes, pessoas que saem da prisão podem ser impedidas de dirigir temporariamente. Por isso, a Rubicon Bakers tem uma visão mais ampla dos desafios que seus funcionários podem enfrentar. Em um caso, por exemplo, dois de seus funcionários precisava deixar o trabalho várias vezes na semana para comparecerem a uma clínica de reabilitação – algo que um negócio padrão provavelmente não permitiria.

A empresa também oferece aos funcionários empréstimos sem juros. “No final do nosso quarteirão, há uma loja de desconto de cheques e, quando compramos a padaria, eu vi pessoas andando pela rua, indo até a loja de descontos, pegando um empréstimo de US$ 150 e depois trabalhando pelos próximos dois, três ou quatro meses, para devolver um valor muito maior”, diz Andrew. “Uma pode chegar a pagar US$ 300 ou US$ 400 em um empréstimo de US$ 150 e isso fez meu estômago revirar.” Os empréstimos que a Rubicon Bakers oferece são pequenos, mas significativos para os funcionários que começam com salário mínimo. Em Richmond (Virgínia, EUA), um salário mínimo é equivalente a US$ 15 por hora; com o tempo, os funcionários podem ser promovidos para funções gerenciais com salários mais altos. Desde o lançamento do negócio, a empresa distribuiu cerca de US$ 500.000 em empréstimos. E segundo Andrew, a taxa de retorno é alta, apesar da baixa pontuação de crédito dos funcionários.

“No fim das contas, ao contratar uma pessoa que precisa de uma segunda chance e teve muita dificuldade para encontrar um emprego, temos um funcionário muito grato, que está focado no trabalho por um conjunto muito diferente de razões: É claro que eles estão trabalhando como todo mundo porque precisam de um salário, mas também estão trabalhando para provar para si mesmos, para provar para sua família e amigos, que eles podem mudar sua vida e aproveitar essa segunda chance.”

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