O que o mundo pode aprender com o Uruguai e sua revolução energética

O que o mundo pode aprender com o Uruguai e sua revolução energética

O que você vai descobrir a seguir:

  • Como o Uruguai alcançou quase 100% de energia renovável, se tornando referência global.
  • As estratégias que impulsionaram a transição energética, como parcerias público-privadas e consenso político.
  • Os impactos das fontes não renováveis na matriz energética brasileira.
  • Lições práticas que o Brasil pode aplicar para reduzir sua dependência de fontes poluentes e acelerar a transição verde.

Enquanto muitos países ainda buscam soluções para suas matrizes energéticas, o Uruguai já se destaca como uma referência global. Atualmente, cerca de 98% de sua eletricidade é gerada por fontes renováveis, um feito notável para uma nação de pequeno porte.

Essa transformação, fruto de planejamento estratégico e decisões ousadas, vai além de inspiração. O exemplo uruguaio oferece lições valiosas para o Brasil e outros países que desejam liderar a transição verde.

Como o Uruguai chegou lá?

Até pouco mais de uma década atrás, o Uruguai era altamente dependente de combustíveis fósseis, sofrendo com apagões e altos custos de energia. Em 2008, o país decidiu virar o jogo com uma abordagem inovadora e ousada, baseada nos seguintes pilares:

Aproveitamento de recursos naturais: O Uruguai identificou seu grande potencial em energia eólica, aproveitando os ventos constantes e as terras agrícolas pouco habitadas para instalar centenas de turbinas. Atualmente, a energia eólica representa 38% da matriz energética do país.

Parcerias público-privadas inovadoras: Empresas privadas foram responsáveis pelo investimento e operação dos parques eólicos, enquanto o governo, por meio da estatal UTE, garantiu a compra da energia gerada por contratos de longo prazo. Esse modelo reduziu o custo inicial para o Estado e atraiu investidores globais.

Consenso político raro: A transição energética foi tratada como política de Estado, com apoio de todos os partidos políticos. Isso garantiu a continuidade do projeto, independentemente das mudanças de governo.

Engajamento comunitário: Agricultores e comunidades locais, inicialmente receosos, foram consultados e integrados ao processo. Muitos perceberam benefícios diretos, como arrendamentos de terras e desenvolvimento local, o que consolidou o apoio social ao projeto.

Essa combinação de visão estratégica, inovação econômica e engajamento social permitiu ao Uruguai superar os desafios iniciais e se tornar um modelo global em energia limpa.

Lições para o Brasil

O Brasil, com seus vastos recursos naturais, está em posição privilegiada para seguir o exemplo do Uruguai na transição energética. Em 2023, 93,1% da eletricidade brasileira já era gerada por fontes renováveis, como hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa. Mas os 6,9% restantes, dependentes de combustíveis fósseis e energia nuclear, representam um grande desafio em um país continental. A vasta extensão territorial e a infraestrutura desigual tornam a substituição dessas fontes uma tarefa complexa, mas essencial para reduzir emissões e consolidar a liderança do Brasil em energia limpa.

Para avançar, o Brasil precisa de uma visão de longo prazo, que ultrapasse ciclos políticos, e da coexistência entre investimento público e privado, como mostrou o modelo uruguaio. Além disso, é crucial envolver as comunidades locais, garantindo que percebam benefícios diretos, como geração de renda e desenvolvimento regional. Esses passos podem dar ao Brasil a liderança global em energia limpa.

Essas lições reforçam que, com planejamento estratégico, união política e participação social, o Brasil pode não só replicar, mas até superar o sucesso uruguaio em energia limpa. Afinal, o potencial está ao nosso alcance; o desafio é aproveitá-lo.


Créditos: Imagem Destaque – Marquicio Pagola/Shutterstock

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