Índice Global de Inovação 2018: Brasil sobe, mas o destaque é a China

Índice Global de Inovação 2018: Brasil sobe, mas o destaque é a China

Quando falamos sobre inovação, é comum que se pense em algo relacionado a novas tecnologias. Afinal, o termo “inovador” vem sendo usado aos montes por marcas de consumo e varejo há muitos anos. O smartphone inovador, o forno inovador e por aí vai. Mas o conceito de inovação é muito amplo. Tão amplo que o Índice Global de Inovação (IGI), publicado anualmente desde 2007, pela Universidade Cornell, em conjunto com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e INSEAD, usa 80 indicadores para classificar os países mais inovadores.

Aproveito a conversa para relembrar o nosso primeiro podcast, onde falamos sobre o mito da inovação social e o verdadeiro significado do tema. Confira:

Para você ter uma ideia do que estou falando, o Índice Global de Inovação usa indicadores como capital humano, infraestrutura, número de registros de patentes e, até mesmo, criatividade como indicador de inovação. Mas antes de falarmos sobre o destaque deste ano, que tal olharmos um pouco a situação do Brasil? Como já falamos em outros momentos, a inovação no Brasil seguia estagnada nos últimos anos. Já no relatório 2018, o nosso país ficou em 64ª posição no ranking geral, subindo cinco posições em relação ao ano anterior, mas ainda bem longe dos 68.40 pontos da Suíça ou 63.30 da Holanda (o Brasil conquistou apenas 33.40 pontos e ficou atrás de países como Uruguai, Kuwait e Sérvia).

Segundo a edição 2018 do IGI, o setor de energia é um ponto estratégico para a evolução da inovação no Brasil. Com soluções em desenvolvimento sustentável, um dos grandes desafios do setor é o custo da energia gerada versus os impactos ambientais. Apesar da predominância das hidroelétricas, soluções como o etanol e a energia gerada com bagaço de cana representaram em 2016 cerca de 43% da energia gerada no país. O estudo também cita a boa contribuição do Brasil com o Acordo de Paris (o tema que tem gerado polêmica com o presidente eleito Jair Bolsonaro e suas afirmações sobre a saída do país do acordo, mas o estudo foi concluído antes das declarações).

Ainda de acordo com o Índice Global de Inovação, o Brasil ganhou cinco posições no ranking devido a sua performance nos indicadores de Conhecimento e Tecnologias, Instituições, Sofisticação dos Negócios e Soluções Criativas. A criação de modelos de negócios, exportação de serviços culturais e criativos, e bens criativos fizeram o país se fortalecer no ranking. No entanto, ambiente de negócios e créditos (principalmente na questão de facilidade em começar um negócio), número de graduados em ciências e engenharia, e formação de capital bruto ainda são grandes fraquezas do país. Confira o estudo completo neste link.

China: O gigante asiático que aprendeu a ser inovador

Se a China é uma potência mundial nos últimos anos, isso se dá porque o país soube se reinventar. No gigante asiático, a inovação não é brincadeira. Isso reflete diretamente nos resultados do Índice Global de Inovação, que mostram a China liderando itens como: patentes registradas, publicações científicas e mão de obra no setor de ciência e tecnologia. E é neste ponto que quero desmistificar algumas histórias sobre o país. Não, eu não estou falando sobre o consumo de carne de cachorro, que também é uma “lenda” sobre os chineses. Aliás, acho que vale desmistificar essa história e contar uma curiosidade. O consumo de carne de cachorro nunca foi uma iguaria na China. Pelo contrário, o consumo era predominantemente feito na região fronteiriça com a Coréia do Norte. Por se tratar de uma região muito pobre, alguns habitantes consumiram os animais para não morrer de fome, ou seja, longe de ser iguaria, era necessidade extrema.

Mas voltando ao campo da inovação, tudo começou na década de 50, quando o país decidiu unificar o idioma (antes do mandarim, a China era fragmentada por centenas de dialetos, muitos deles tão diferentes entre si quanto o idioma alemão e, por exemplo, o francês). Isso gerou diversas polêmicas e, até hoje, muitas localidades chinesas não aceitam o mandarim como idioma nativo. Com a mudança e a grande maioria falando a mesma língua – literalmente – o mercado chinês virou um mercado real de bilhões.

Em declaração para o portal Exame, Soumitra Dutta, professor de Cornell e um dos responsáveis pelo estudo, afirmou que “é muito difícil um país copiar o outro, mas o que podemos aprender com a China é a necessidade de ter uma estratégia muito clara de desenvolvimento, especialmente em ramos como educação universitária e investimento em pesquisa”. Eu acrescentaria apenas um detalhe na afirmação do pesquisador, o investimento na educação universitária chinesa é o segundo passo de um projeto muito maior, que começo lá em 56, unificando dialetos milenares em um só idioma forte e simples.

Confira abaixo a lista dos 20 países mais inovadores, segundo o Índice Global de Inovação (IGI):

  1. Suíça
  2. Países Baixos
  3. Suécia
  4. Reino Unido
  5. Singapura
  6. Estados Unidos
  7. Finlândia
  8. Dinamarca
  9. Alemanha
  10. Irlanda
  11. Israel
  12. República da Coreia
  13. Japão
  14. Hong Kong
  15. Luxemburgo
  16. França
  17. China
  18. Canadá
  19. Noruega
  20. Austrália

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