O que faz um divulgador científico + 5 canais para você seguir agora

O que faz um divulgador científico + 5 canais para você seguir agora
O que você vai descobrir a seguir:
  • • Como surgiu e evoluiu a atividade de divulgação científica no mundo e no Brasil.
  • • A importância da divulgação científica e as competências de quem atua nessa área.
  • • Cinco canais brasileiros de referência para acompanhar ciência de forma acessível.

Se hoje consumimos ciência em vídeos curtos, podcasts, museus interativos ou até em threads no X (antigo Twitter), é porque existe uma categoria profissional dedicada a isso: os divulgadores científicos. Eles não são apenas “tradutores” de pesquisas complexas. São mediadores culturais que aproximam a ciência da vida cotidiana, combatem a desinformação e ajudam o público a tomar decisões mais bem-informadas.

E essa ponte é essencial. A ciência afeta diretamente nossas escolhas: do remédio que tomamos à forma como lidamos com mudanças climáticas. No entanto, sem mediação, muitos avanços permanecem restritos a artigos técnicos, acessíveis apenas a especialistas. É aqui que entra o papel do divulgador: tornar esse conhecimento mais democrático e útil para o dia a dia.

Além de facilitar o acesso ao conteúdo científico, a divulgação também cumpre uma função social poderosa. Ela fortalece o pensamento crítico, ajuda a combater fake news e amplia a participação da sociedade em debates sobre saúde, tecnologia e meio ambiente. Em tempos de desinformação acelerada, divulgar ciência não é só importante: é estratégico para manter a confiança pública em evidências e decisões baseadas em fatos.

E vale lembrar que essa prática não surgiu agora. Já no século XVII, Bernard de Fontenelle publicou “Conversas sobre a Pluralidade dos Mundos” em francês – e não em latim, como era o padrão científico da época. Ao optar por uma linguagem acessível, ele abriu caminho para aproximar ciência e sociedade.

No século XIX, Michael Faraday tornou-se um dos grandes símbolos da popularização científica. Na Royal Institution, em Londres, ele criou em 1825 as Christmas Lectures, pensadas especialmente para jovens e famílias. Nessas apresentações, Faraday realizava experimentos ao vivo e explicava conceitos científicos em linguagem simples, aproximando ciência e público de uma forma inédita para a época. O sucesso foi tão grande que as leituras se transformaram em tradição anual, realizada até hoje, e desde os anos 1960 transmitida pela BBC, alcançando milhões de espectadores.

Seja em jornais de época, em vídeos que viralizam nas redes sociais ou em colunas que circulam na imprensa, a essência continua a mesma: transformar informações complexas em narrativas claras, envolventes e responsáveis. Para isso, divulgadores científicos recorrem a metáforas, recursos visuais, humor e, sobretudo, ao diálogo com o público.

E não se trata apenas de talento. A divulgação científica hoje segue princípios consolidados pela pesquisa em comunicação:

Framing (enquadramento): conectar o tema científico aos valores, preocupações e contexto do público gera maior empatia, compreensão e adesão. É como quando se destaca o consenso científico ou os benefícios coletivos em saúde para aproximar a ciência da vida real.

Storytelling (narrativa): contar histórias, usar analogias e personagens ajuda a tornar conceitos complexos mais memoráveis e acessíveis, além de aumentar o engajamento em diferentes plataformas.

Prebunking (inoculação psicológica): funciona como uma “vacina cognitiva” contra fake news, ao expor o público a versões enfraquecidas e já refutadas de argumentos falsos. Assim, cria-se resiliência para reconhecer e questionar manipulações antes mesmo que circulem.

Essas técnicas, comprovadas por estudos e aplicadas em campanhas reais, mostram que a boa divulgação científica é tanto arte quanto ciência (e que comunicar bem também exige método e evidência).

5 canais de divulgação científica para seguir hoje

Para quem quer começar a acompanhar de perto, aqui estão cinco canais brasileiros que se destacam:

Mari Krüger

Bióloga de formação e também DJ, Mari Krüger ganhou notoriedade nas redes sociais ao unir humor e rigor científico para falar sobre saúde, bem-estar e biologia. Seus vídeos no TikTok e Instagram são criativos, muitas vezes com figurinos e personagens que satirizam pseudociências e promessas de produtos milagrosos. Essa mistura de entretenimento e informação a tornou uma das vozes mais fortes contra fake news, especialmente na pandemia. Além de influenciadora, Mari é palestrante em eventos de educação e tecnologia, mostrando como a ciência pode ser comunicada de forma acessível e divertida.

Daniel Dahis

Engenheiro biomédico e pesquisador em Harvard, Daniel Dahis alia experiência acadêmica de ponta com comunicação direta e acessível. Seus conteúdos abordam biotecnologia, câncer e inovação em saúde, sempre com linguagem simples e próxima do público. Além da presença em redes como TikTok e Instagram, Dahis também já participou do podcast do InovaSocial, onde discutiu o futuro da saúde e o uso de bioadesivos inteligentes. Seu trabalho mostra como cientistas brasileiros no exterior podem se tornar pontes entre laboratórios e a sociedade, aproximando o público de pesquisas que têm impacto global.

Ana Bonassa e Laura Marise (Nunca Vi 1 Cientista)

Criado por Ana Bonassa e Laura Marise, o canal “Nunca Vi 1 Cientista” é referência em pensamento crítico e combate à desinformação. No YouTube e nas redes sociais, elas abordam temas complexos com clareza, desmistificando fake news e explicando como funciona a ciência. Durante a pandemia, tiveram papel fundamental ao refutar informações falsas sobre medicamentos e vacinas, chegando a enfrentar processos judiciais que abriram debate sobre liberdade de expressão científica no Brasil. A relevância do trabalho vai além dos vídeos: é também uma luta pela credibilidade e segurança de quem divulga ciência no país.

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Átila Iamarino

Biólogo e doutor em microbiologia, foi o fundador e apresentador do canal “Nerdologia” (2013-2021), onde fazia divulgação científica em formato de vídeos sobre ciência e cultura pop. Durante a pandemia, ganhou destaque por suas transmissões ao vivo explicando os aspectos microbiológicos da COVID-19 com clareza. Hoje segue como divulgador ativo em seu canal pessoal, atua como designer instrucional na USP e participa do programa Hiperconectado (TV Cultura).

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Lucas Zanandrez (Olá, Ciência!)

Criador do canal “Olá, Ciência!”, Lucas é biomédico formado pela UFMG e transformou um hobby em um projeto profissional de comunicação científica. Seu canal no YouTube cresceu a ponto de se tornar empresa, com equipe e projetos apoiados por instituições como o Instituto Serrapilheira. Com vídeos bem produzidos, legendados e acessíveis, Lucas trata de saúde, bem-estar, meio ambiente e combate à desinformação, destacando-se entre os mais assistidos do país. Além do conteúdo digital, ele também oferece cursos e participa de iniciativas de formação, mostrando como a divulgação científica pode ser sustentável como carreira.

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Créditos: Imagem Destaque – Roman Samborskyi/Shutterstock

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