Covid-19: Primeiros casos no Brasil e emissões de CO2 na China

Covid-19: Primeiros casos no Brasil e emissões de CO2 na China

Enquanto o país pulava Carnaval, foi confirmado o primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19) em terras brasileiras, e outros seguem em estado de observação. No mesmo período, a Europa viu o grau de atenção em relação ao novo vírus aumentar, reflexo da explosão de casos na Itália — até o momento, mais de 400 casos já registrados (além de casos na Espanha e Grécia). Mas o que muitos especialistas estão dizendo, e aproveito para reforçar o coro, é… calma! De acordo com o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CCDC), cerca de 80,9% das novas infecções pelo Covid-19 são classificadas como leves; 13,8% como graves e 4,7% como críticas.



Em reunião na última segunda-feira (24), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “temos que fazer todo o possível para nos prepararmos para uma potencial pandemia.” Adhanom completou “não podemos paralisar o mundo, e não é realista dizer que é possível parar a transmissão entre os países.” Além disso, Michael Ryan, diretor do Programa de Emergências, afirmou que “não podemos saber o que vai acontecer, se [a epidemia] será contida ou se transformará numa doença sazonal.”

Vamos dizer que o Covid-19 torne-se uma doença sazonal, ou seja, que de tempos em tempos acaba retornando. Como podemos nos proteger? Segundo a OMS, as recomendações são:

  • Lave as mãos (sabão e/ou álcool gel podem eliminar o vírus);
  • Cubra o nariz e a boca ao tossir ou espirrar (de preferência com um lenço de papel) e lave as mãos depois;
  • Evite passar as mãos nos olhos, nariz e boca, principalmente ao passar por locais públicos;
  • Mantenha a distância de pelo menos 1 metro de pessoas tossindo, espirrando ou com febre.

Como podemos ver, as recomendações são bem parecidas com uma gripe comum. Mas um detalhe que pode deixar alguns brasileiros assustados é um costume oriental bem comum: o uso de máscaras. Ao sermos bombardeados com informações e imagens sobre o Covid-19 (sem conta as fake news), é comum ver imagens de pessoas com máscara de proteção. Vamos deixar bem claro, isso é algo comum, principalmente no lado oriental do planeta. No Japão, por exemplo, é normal utilizar máscara quando se está gripado. É uma consciência de coletividade e, por lá, a população entende que isso reduz a propagação — independente da doença.

Sobre as máscaras de proteção, vale uma observação importante. Máscaras cirúrgicas, aquelas mais simples e facilmente encontradas em farmácias, possuem possuem pouca eficaz contra o Covid-19. Elas são resistentes a líquidos e protege contra gotas grandes (visíveis), mas não protege contra partículas pequenas no ar e, por serem menos justas no rosto, permitem escapes pelos lados. A OMS indica o modelo N95, que possui respirador com filtro (que retém pelo menos 95% das partículas do ar) e é mais justa sobre o rosto. No entanto, a N95 é mais cara. Então, na ausência de uma máscara 95% eficaz, melhor uma simples, do que nada.

Em coletiva nesta tarde (26), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou ao portal G1, que “nós vamos nos preparar da melhor maneira. Mas é preciso ter calma. É uma gripe, vamos passar por ela e colocar todas as fichas na ciência.” Ainda de acordo com Mandetta, “não sabemos se por aqui o vírus acelera ou desacelera. Os vírus se comportam de forma diferente no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul. Esse é um vírus que surgiu em baixa temperatura. Pode não ter o mesmo comportamento [no Brasil]. Pode ser para melhor ou para pior. O Brasil é um país de pessoas mais jovens e está no verão. Esse é um período pouco propício para um vírus respiratório por aqui.”

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Mandetta não está errado. Ainda pouco se sabe sobre o Covid-19 e precisamos ter calma. Segundo a vice-procuradora-geral de Milão, Tiziana Siciliano, “um frasco de álcool gel, que há uma semana custava 7 euros, ontem subiu para 39 euros.” Tiziana ainda denuncia outros preços absurdos (resultados da falta de informação, pânico e oportunismo); “o preço online das máscaras subiu de centavos para 10 euros [em menos de uma semana].” Segundo o portal Público, “por enquanto, o padrão de mortes registrado na Itália é semelhante ao verificado na China. [As mais afetadas] São as pessoas idosas e com doenças associadas; como câncer, diabetes, doenças respiratórias e outras que enfraquecem o sistema imunitário.”

Nos primeiros 40 dias da nova doença, ela foi dez vezes mais contagiosa do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), no entanto, enquanto o SARS teve uma taxa de letalidade de 4.9%, o Covid-19 pouco passou dos 2%. Ok, o novo coronavírus não é tão letal, mas como podemos tratar ou curar uma pessoa que esteja com a nova doença? Segundo a BBC News, “no momento, o tratamento consiste no básico — manter o corpo do paciente funcionando, o que inclui oferecer suporte respiratório, até que o sistema imunológico dele seja capaz de combater o vírus. Cientistas estão trabalhando para desenvolver uma vacina, e a expectativa é que seja testada em humanos até o fim deste ano. Os hospitais também estão testando medicamentos antivirais para verificar se têm algum efeito.” De novo, ela é como uma gripe. Não há como combatê-la diretamente, mas controlar os sintomas e deixar a tarefa com os nossos anticorpos.

Covid-19 na China: Menos 100 milhões de toneladas de CO2

É até complicado dizer que existe um lado positivo para a epidemia de Covid-19 (por mais que seja positivo para o planeta, quando envolve vidas humanas, acho que “lado positivo” não é o termo mais correto), mas uma nova análise da Carbon Brief mostra que o novo coronavírus reduziu as emissões de CO2 da China em ¼, aproximadamente 100 milhões de toneladas de CO2 — para efeito de comparação, é quase que a emissão de CO2 do Chile em um ano.

Com a baixa demanda de energia e a redução da produção industrial, os impactos foram nítidos. Apesar das imagens dos grandes centros urbanos vazios, a grande parcela responsável pela emissão de CO2 na China fica por conta da indústria e, apesar de parecer muito, se as reduções de emissões continuarem a curto prazo, o índice anual do país cairá apenas 1%, ou seja, não é grande impacto como se imagina. De acordo com uma pesquisa da BloombergNEF divulgada no início de fevereiro, mostra que, apesar da diminuição na produtividade da China, as emissões do país ainda podem aumentar devido a um pacote de estímulos, que vem sendo preparado pelo governo chinês, focado em infraestrutura, o que exigirá que o país continue queimando carvão e aumente o uso de cimento e aço.

Imagem Destaque: MIA Studio/Shutterstock

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