Categories Economia ColaborativaPosted on 30/10/201812/11/2018Startup vencedora de concurso de inovação do MIT permite que moradores criem mini redes de energia para seus vizinhos Até pouco tempo atrás, a remota vila Shikarpur, em Bangladesh, era um lugar onde poucas pessoas tinham acesso à eletricidade. Mas um novo sistema está começando a conectar casas movidas a energia solar com vizinhos que não podem arcar com seus próprios painéis. No sistema peer-to-peer, os vizinhos podem vender eletricidade extra uns aos outros. “O objetivo é criar mercados de energia locais eficientes e dinâmicos que capacitem as famílias e incentivem o empreendedorismo solar”, diz Sebastian Groh, diretor da SOLshare, a startup que está levando essa tecnologia para Bangladesh. A SOLshare foi criada quando os fundadores perceberam que Bangladesh tinha um número crescente de painéis solares domésticos – em 2014, um programa do governo foi lançado com o objetivo de dobrar o número de sistemas domésticos – e esses painéis solares estavam gerando mais energia do que os residentes poderiam usar armazenas em pequenas baterias. Cerca de 30% da energia chegava a ser desperdiçada. Ao mesmo tempo, quando alguém que vive fora da rede em Bangladesh quer carregar um telefone celular, pode pagar até 100 vezes mais pela eletricidade do que alguém que está conectado à rede de uma cidade. Vizinhos já estavam começando a alugar energia informalmente, passando cabos para as casas vizinhas, mas era preciso acompanhar por quanto tempo alguém usava uma lâmpada à noite, para então poder fazer a cobrança já no dia seguinte. A nova tecnologia dispensa esse tipo de controle e instala medidores de energia e controladores de carga solar nas casas de pessoas que querem vender ou comprar energia, além do cabeamento para conectá-los; e também usa um software para criar uma versão uma rede inteligente. Quando há eletricidade extra disponível, o software a redireciona para onde é necessário e rastreia o uso para que os vizinhos possam pagar um ao outro por meio de um aplicativo de pagamento móvel usado em seus telefones. “Os aldeões veem os resultados de suas negociações quase em tempo real nas carteiras de dinheiro móvel e podem comprar seus mantimentos com o dinheiro que acabaram de ganhar por meio de seus sistemas solares”, diz Sebastian. Quando as famílias compram o hardware, podem fazer micropagamentos a uma taxa semelhante à que teriam gasto no passado para comprar querosene para iluminação. É um sistema que a startup diz que pode crescer rapidamente, uma vez que entre seus clientes estão empresas que já instalaram 5 milhões de sistemas solares domésticos em aldeias de Bangladesh. Em um projeto com a empresa sem fins lucrativos Grameen Shakti, a SOLshare planeja criar 100 pequenas redes até 2020. As “nanogrids” poderiam eventualmente se conectar à rede nacional e continuar a fornecer energia quando a rede nacional cair. Sebastian Groh, que chama o sistema de “Airbnb da energia”, diz que a mesma tecnologia poderia ser usada em outros lugares, à medida que a energia se torna cada vez mais descentralizada. Os concorrentes já testaram pequenos sistemas de negociação peer-to-peer para energia solar na cidade de Nova York e em cidades da Austrália. Mas enquanto os sistemas que funcionam em cidades maiores estão trabalhando em pequena escala, a SOLshare pode crescer muito mais rapidamente, pois trabalha com milhares de casas na área rural de Bangladesh, e logo também na Índia. Como essa tecnologia ajuda as áreas rurais a ultrapassar as redes de energia tradicionais, ela também pode ser testada e trazida de volta ao mundo desenvolvido. “Os algoritmos usados para trocar eletricidade em aldeias de Bangladesh serão os mesmos algoritmos, com aprendizado de máquina capacitado, em Bangkok, Cingapura, Frankfurt ou Nova York”, disse Sebastian aos jurados do Inclusive Innovation Challenge, um evento promovido pelo MIT. A empresa é um dos vencedores do prêmio de US$ 1 milhão do Inclusive Innovation Challenge, que será entregue em 8 de novembro, no MIT. A SOLshare também anunciou uma rodada de investimentos de US$ 1,66 milhão em 28 de setembro, liderada pela Innogy New Ventures LLC, com sede no Vale do Silício. ___ Gostou do texto e quer fazer parte da nossa comunidade? Envie uma sugestão de pauta, um texto autoral ou críticas sobre o conteúdo para [email protected]. Compartilhe esse artigo: