Banco Mundial sugere mudança na alimentação para salvar o clima

Banco Mundial sugere mudança na alimentação para salvar o clima

O que você vai descobrir a seguir:

  • • Subsídios bilionários à carne e laticínios nos EUA e Canadá estão acelerando a crise climática, contribuindo para 19% das emissões globais.
  • • Redirecionar esses incentivos para alimentos de base vegetal pode reduzir pela metade as emissões do setor alimentício e tornar opções mais sustentáveis mais acessíveis.
  • • A transformação do sistema alimentar, com investimentos anuais de US$ 260 bilhões, traria benefícios de até US$ 4,3 trilhões em saúde, economia e meio ambiente até 2030.

É impossível falar de mudanças climáticas sem tocar no tema da alimentação – e, como a história mostra, mexer na comida do povo sempre foi uma questão delicada. Afinal, revoluções inteiras começaram por conta de escassez ou altos preços de alimentos. Mas, agora, o Banco Mundial está entrando nesse território espinhoso com uma proposta ousada: reduzir os subsídios à carne e aos laticínios para criar um sistema alimentar mais sustentável.

A agricultura, responsável por cerca de 16 gigatoneladas de gases de efeito estufa por ano – quase um terço das emissões globais –, precisa urgentemente de uma transformação. E o gado, em particular, representa uma fatia significativa desse problema, contribuindo com 19% das emissões, segundo um estudo de 2021.

Para lidar com isso, o relatório do Banco Mundial sugere uma estratégia simples, mas poderosa: redirecionar os bilhões de dólares em subsídios que atualmente beneficiam a pecuária para incentivar alternativas vegetais de baixa emissão de carbono. O impacto potencial? Uma redução de até 49% nas emissões relacionadas à alimentação.

Plantas no prato e dinheiro no bolso

Empresas como Beyond Meat e Impossible Foods têm lutado para tornar seus produtos competitivos em preço frente à carne tradicional. Mas, com o apoio de subsídios, alimentos à base de plantas poderiam se tornar opções mais baratas e acessíveis, criando um incentivo econômico para consumidores e produtores.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo gasta cerca de US$ 38 bilhões por ano em subsídios à carne e aos laticínios. No Canadá, esse número é de US$ 1,7 bilhão. Para reverter o impacto dessas indústrias, o Banco Mundial calcula que seria necessário aumentar os investimentos anuais em 18 vezes, chegando a US$ 260 bilhões, para reduzir as emissões pela metade até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Benefícios além do clima

A transição para um sistema alimentar sustentável não se resume a emissões. Os benefícios econômicos, ambientais e para a saúde poderiam alcançar US$ 4,3 trilhões até 2030 – mais do que o dobro do custo da transformação.

No entanto, o relatório alerta contra mensagens confusas, como incentivar o consumo de carnes de “baixa emissão”, como o frango. Para muitos especialistas, a chave está em promover dietas predominantemente vegetais.

Enquanto governos e líderes globais atualizam seus compromissos climáticos no âmbito do Acordo de Paris, o Banco Mundial enfatiza que não precisamos esperar até 2025 para agir. Há ferramentas e políticas prontas para serem implementadas agora – e elas podem mudar o curso não apenas da nossa alimentação, mas do futuro do planeta.

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