Escola construída na Noruega alcança 90% de autossuficiência energética

Escola construída na Noruega alcança 90% de autossuficiência energética

O novo centro cultural e educacional Čoarvemátta, projetado pelo estúdio de arquitetura Snøhetta, é um exemplo impressionante de como a arquitetura pode combinar sustentabilidade, inovação e respeito à cultura local. Localizado no extremo norte da Noruega, além do Círculo Polar Ártico, o edifício é 90% autossuficiente em energia e reflete a rica herança Sami, enquanto se integra harmoniosamente ao ambiente natural.

Em uma região onde as temperaturas podem despencar para os impressionantes –45 °C, a construção, com 90% de autossuficiência energética, é uma obra-prima da engenharia sustentável. Utilizando madeira de origem local e tecnologias de aquecimento geotérmico, o edifício destaca-se não apenas visualmente, mas também como um modelo de eficiência energética e respeito ambiental.

Colaborando com o artista Joar Nango e o escritório 70°N arkitektur, a Snøhetta soube mesclar tradição e inovação. O nome Čoarvemátta, inspirado nos termos Sami “chifre” e “raiz”, carrega a força simbólica da herança cultural local, com o chifre de rena sendo um ícone de resistência, usado no duodji, o artesanato Sami. A própria arquitetura do edifício reflete essa conexão, com formas naturais e uma claraboia que evoca os tradicionais buracos de fumaça das tendas Sami. Um dos detalhes mais impressionantes é o uso de ardósia reaproveitada da antiga escola demolida no local, que, combinada com a simplicidade elegante dos espaços internos, confere ao projeto uma sensação de perenidade.

A estrutura, com 7.200 m², usa madeira como material principal, o que contribui para uma estética orgânica e integrada ao entorno. O telhado inclinado de 5.000 m², que desce suavemente até o solo, é um elemento funcional que cria abrigo contra o clima severo. Os poços geotérmicos, perfurados a 250 metros de profundidade, alimentam as bombas de calor que mantêm a temperatura do edifício estável, demonstrando o compromisso com a energia limpa e a sustentabilidade.

A preservação da paisagem foi fundamental no projeto, seguindo a tradição Sami de respeitar a natureza. O solo removido durante a construção foi armazenado e reimplantado para garantir que as sementes nativas fossem preservadas. Esse respeito pelo ambiente e pela cultura local faz do Čoarvemátta um exemplo de como a arquitetura pode ser, ao mesmo tempo, funcional e profundamente conectada ao seu contexto histórico e ecológico.

Com esse projeto, a Snøhetta mostra que a arquitetura sustentável pode, sim, ser ambiciosa e criativa, sem comprometer o conforto ou a funcionalidade. Além de unir inovação tecnológica e design, o Čoarvemátta reafirma o papel fundamental da arquitetura em harmonizar cultura e natureza, criando espaços que respeitam e celebram suas raízes.

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