Categories Tecnologias SociaisPosted on 11/07/202211/07/2022Pesquisadores desenvolvem “bateria de areia” capaz de alimentar cidades inteiras A energia é um fenômeno que sempre acompanhou a humanidade – e que, possivelmente, também sempre a acompanhará. Dito isso, não é difícil concluir por que esse assunto gera tantos debates e consequências, entre guerras, revoluções, catástrofes naturais e outros. Nas últimas décadas, o grande movimento impulsionado pela questão energética é a transição verde. Desde que cientistas e ambientalistas “subiram o tom” nos alertas sobre as mudanças climáticas, governos e corporações, entre outras lideranças, têm se dedicado mais do que nunca pela causa. Com isso, apesar de ainda haver muito a ser feito, formas mais eficientes de produzir, transmitir e consumir energia são, possivelmente, o maior compromisso global do momento. Mas, se há tanto esforço humano envolvido, por que essa revolução nos parece tão distante? Bem, muito embora a questão seja muito mais complexa do que se possa transcrever em um único artigo, um dos principais impasses para a implementação de técnicas mais eficientes de produção energética é a instabilidade desses meios. Leia também: Guia da Energia: quais são os tipos existentes de energia, suas vantagens e desvantagens Em resumo, apesar de usinas eólicas e solares já se mostrarem viáveis no tocante ao volume de energia produzida, é a intermitência dessas fontes – ou seja, o sol e o vento – que ainda nos faz reféns dos combustíveis fosseis. Atualmente, não há meio viável para armazenar o excedente produzido, quando essas fontes estão uma “supersafra”, o que também impede a formação de uma reserva. Noutras palavras, não há bateria que consiga armazenar tanta energia de forma eficiente quanto os combustíveis que conhecemos. Ou melhor, não havia. Nesta semana, pesquisadores finlandeses anunciaram o que pode ser a primeira “bateria de areia do mundo”, um modelo não apenas muito mais barato que os equivalentes de lítio, disponíveis atualmente, mas capaz de alimentar centros urbanos inteiros, com energia limpa e armazenada a partir do excedente produzido com fontes solares ou eólicas. Para a Finlândia, que é o primeiro país do mundo a contar com um projeto do tipo, a bateria de areia chega a ser uma questão de segurança nacional: isso porque se trata do país europeu com a maior fronteira com a Rússia, que, por sua vez, é o maior fornecedor de energia do continente. Com as recentes tensões entre o governo de Vladmir Putin e a comunidade europeia, sobretudo após a própria Finlândia iniciar seu processo de integração à OTAN, a bateria de areia pode ser uma das melhores – mas também uma das únicas – alternativas para o rigoroso inverno do país. Durante o período, é comum que a necessidade de aquecimento nas casas eleve a demanda por energia, o que encarece o preço do recurso. E como funciona a bateria de areia inaugurada na Finlândia? Situada numa pequena usina de energia no oeste do país, a “super bateria” é composta de 100 toneladas de areia, do mesmo tipo que se utiliza em construções de alvenaria. A partir da eletricidade, os pesquisadores responsáveis são capazes de aquecer a areia a até 500º Celsius, temperatura que pode ser mantida ao longo de meses com um baixíssimo custo energético. Posteriormente, uma vez que seja necessário utilizar a reserva, um trocador de calor é acionado, e o ar aquecido, que circunda os tubos preenchidos com areia, aquece um sistema hídrico. Esse último pode ser utilizado para gerar eletricidade ou, ainda, para fornecer água quente para as casas, diminuindo a dependência dos aquecedores a gás ou elétricos. Segundo os dois criadores da tecnologia, os finlandeses Markku Ylönen e Tommi Eronen, a ideia pôde tomar forma a partir dos incentivos do governo local, que financiou a obra e forneceu o espaço de uma antiga fábrica de celulose. Ainda de acordo com os cientistas, o projeto pode ser facilmente replicado e distribuído noutras regiões do país. Proposta é mais atrativa para os países frios Apesar de promissora, a bateria de areia feita na Finlândia não é perfeita: conforme contam seus criadores, a técnica é muito mais eficiente se utilizada para fornecer calor do que para fornecer energia, uma vez que os 500ºC gerados pela areia não são suficientes para alimentar um sistema de caldeiras. Assim, o melhor emprego para a técnica é na distribuição de aquecimento, algo especialmente importante para países frios. Por outro lado, além de contribuir com o bem-estar da população finlandesa, a ideia também pode ser adaptada pra indústria, uma vez que os processos produtivos que dependem do calor quase sempre são alimentados por combustíveis fósseis. Compartilhe esse artigo: