Categories Negócio de Impacto SocialPosted on 08/04/202203/05/2022Professor de biologia molecular cria tênis totalmente biodegradável As solas do novo par de tênis da Blueview, uma startup norteamericana, parecem feitas de espuma de poliuretano comum. Mas o material, que levou mais de seis anos para ser desenvolvido, é composto por algas marinhas. Já sua parte superior é feita com o primeiro material de tênis de malha 3D totalmente feito com plantas. O mais interessante disso tudo é que a economia circular está presente em todas as fases do tempo de vida do produto. Isso significa que ele é biodegradável, então, quando o tênis não estiver mais apto para uso, ele poderá se decompor em uma composteira ou até mesmo no oceano (o que, de qualquer forma, não seria o descarte ideal para esse tipo de produto; mas, caso isso venha a acontecer, o tênis não causará danos à vida marinha). A ideia para a criação dos tênis começou com outro rumo. Stephen Mayfield, CEO da Blueview, é professor de biologia molecular da Universidade da Califórnia em San Diego, e estava pesquisando sobre como transformar algas em combustível. “Apenas me ocorreu que nunca faríamos biocombustíveis a partir de algas porque é o valor mais baixo para o produto”, diz Stephen. “O combustível é sempre a mercadoria mais barata. E eu fiquei pensando: ‘Por que estamos gastando todo esse tempo fazendo esses óleos de algas maravilhosos e depois queimando-os em um carro?’” Da mesma forma que o óleo de algas pode ser usado para substituir o petróleo na fabricação de combustível, ele também pode substituir os combustíveis fósseis usados na fabricação de materiais sintéticos. A produção de combustível fóssil é uma dos principais causadores de emissão de gases de efeito estufa, enquanto as algas absorvem dióxido de carbono da atmosfera à medida que crescem. Stephen, que também é surfista, começou demonstrando que era possível fazer uma prancha de surf com espuma à base de algas. Então, ele se conectou com Tom Cooke, um executivo do mercado de calçados, e eles decidiram fazer uma parceria para lançar uma nova marca que usaria o material em solados. Após chegarem a um material que provou ser biodegradável, Stephen e uma equipe de pesquisadores começaram a trabalhar no complicado processo de produzir uma espuma que atendesse às especificações comerciais para sapatos. Um dos maiores desafios foi um teste de compressão que verifica como a espuma se recupera depois de ser pisada 100.000 vezes. Além disso, o material também precisava ser totalmente durável para uso em um sapato e, ao mesmo tempo, ser capaz de se “desmanchar” facilmente no final da vida útil do calçado. Chegar ao equilíbrio perfeito foi um processo que durou anos. Já para a parte superior do tênis, a costura em 3D foi escolhida com o objetivo de reduzir o desperdício resultante do corte de material. O desafio aqui era outro: chegar a uma combinação de materiais biodegradáveis que permitisse que a malha fosse fabricada sem quebrar. Após muitas pesquisas e testes, a equipe chegou à combinação perfeita: fios de cânhamo e eucalipto. Teria sido mais fácil misturar uma pequena porcentagem de material sintético à composição, mas a equipe optou por continuar em sua busca por fios 100% à base de plantas. Também foi necessário testar vários padrões para a malha, já que os materiais naturais não têm o mesmo alongamento que os materiais sintéticos. fios. Um processo comum de desenvolvimento de calçados pode ter 3 mudanças de padrão; enquanto isso, a Blueview passou por 10 mudanças em seus primeiros tênis. Cada elemento do calçado provou ser totalmente biodegradável. Para um artigo revisado por pares que será lançado em breve, a equipe prendeu um tênis no final de um píer na costa de San Diego e documentou o que aconteceu quando fungos e bactérias destruíram o material. Os primeiros calçados já foram fabricados e estão prontos para a pré-venda. O processo de chegar ao produto circular perfeito levou anos a mais do que o esperado, mas a startup não queria parar até que os produtos atendessem às suas expectativas de sustentabilidade. “Somos um propósito e uma missão com uma empresa, não uma empresa com um propósito”, diz Tom Cooke. Para saber mais, confira o vídeo a seguir e clique aqui. Compartilhe esse artigo: