Novas formas de trabalhar: desafios e aprendizados em tempos difíceis

Novas formas de trabalhar: desafios e aprendizados em tempos difíceis

Grandes problemas geram mudanças bruscas, que requerem uma rápida adaptação.

Home office, semana de quatro dias úteis, horário de expediente diário reduzido. Nenhum desses tópicos é exatamente uma novidade, mas, à medida que a crise causada pelo coronavírus faz com que mais empresas vivam essas novas experiências de trabalho, são levantadas questões sobre como a forma como trabalhamos pode mudar, quando essa crise passar. No fim, o cenário esperado é que muitas empresas se mostrem mais abertas a adotar formas alternativas de trabalho em um futuro próximo.

Empresas que adotaram semanas de trabalho de quatro dias descobriram que a produtividade de seus funcionários não diminui, mesmo quando eles trabalham por menos horas. Em um teste realizado por uma empresa da Nova Zelândia, foi possível observar que, após o primeiro teste, os funcionários estavam mais felizes com seus empregos e a produtividade não havia caído. Os resultados foram positivos e a empresa manteve o cronograma.

Em agosto de 2019, quando a Microsoft testou uma semana de trabalho mais curta em seu escritório no Japão – tornando toda sexta-feira um feriado remunerado para os 2.300 funcionários do escritório –, descobriu que a produtividade realmente aumentou cerca de 40%. A empresa pediu que os funcionários conversassem on-line para evitar reuniões e limitar as reuniões físicas a meia hora, com a presença de não mais que cinco funcionários.

Em março de 2020, a Zee.Dog – que tem 200 funcionários no Brasil, além de mais 50 funcionários estão em escritórios na China e na Espanha – passou a adotar o modelo.

Outras empresas adotaram variações em uma semana mais curta. Há empresas que ainda têm uma semana de trabalho de cinco dias, mas com um horário de expediente reduzido.

Independente do cronograma usado, essas medidas proporcionam às pessoas o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, além de provar o óbvio: entrar em um escritório e ficar ali por oito horas ou mais, não significa que alguém esteja trabalhando efetivamente o tempo todo; e que muitos momentos que fazem parte do cotidiano de um escritório (como algumas reuniões) são desnecessários ou podem ser substituídos por um bate-bapo de cinco minutos no WhatsApp.

Repensar a forma como nos relacionamos, trabalhamos, consumimos e nos divertimos pode ser uma das principais lições desse momento.
Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que embora o trabalho remoto ou um horário de trabalho reduzido serem ótimas opções e terem pontos muito positivos, essa experiência não será automaticamente fácil.

Eu trabalho remotamente há cinco anos. Durante todo esse tempo, a forma como eu vivo mudou. Passei a trabalhar menos horas no dia – mesmo sem diminuir a quantidade de trabalho –, entendi a importância dos momentos de lazer, cuidei da minha saúde mental, me alimentei melhor, me exercitei mais, aprendi a lidar com as diferenças das pessoas que moravam comigo.

Mas, repito: eu faço isso há cinco anos. Até aqui, os desafios foram muitos: rotina desorganizada, sono desregulado, alimentação desregrada, dificuldade em me manter produtiva, solidão, problemas no relacionamento com os integrantes do meu núcleo familiar, ansiedade… Portanto, desconfie das “receitas prontas” que prometem o sucesso do home office, isso não existe.

No episódio 50 do podcast do InovaSocial, eu e Victor Vasques compartilhamos nossa experiência, nossos desafios e aprendizados ao longo dos últimos anos, mas é sempre importante lembrar que o “segredo” para fazer com que o novo dê certo está mais na “tentativa e erro” do que em uma fórmula mágica. Obviamente, quando incluímos o distanciamento social – que é algo essencial em um momento em que precisamos parar a disseminação do coronavírus –, tudo fica mais difícil.

Então, se você está fazendo isso pela primeira vez em sua vida profissional, a primeira coisa que você precisa fazer é se cobrar um pouco menos e olhar mais para dentro. Pense que, de alguma forma, todo mundo está passando por uma fase de mudança, superação de desafios e aprendizado. Em um momento em que as redes sociais são uma forma “fácil” de lazer, já que sair de casa não é possível, é importante lembrar que precisamos parar de fazer comparações com a vida que acompanhamos na tela do celular. Eu, que já tenho uma rotina estabelecida e, muitas vezes, me sinto exausta com as tarefas que ocupam meu dia, vejo as pessoas falando que estão com tempo de sobra e fico me perguntando se estou fazendo algo errado.

Sabe aquela sensação que você tem de que todo mundo está se divertindo na sexta-feira à noite enquanto você não está fazendo nada de mais? É algo parecido com isso.

E o que nós podemos fazer quando surge essa sensação? A primeira coisa é lembrar que, agora mais do que nunca, nós só acompanhamos uma pequena parte da vida de todas essas pessoas. Depois, é importante fazer uma autocrítica e analisar se realmente existe algo em nossa rotina que precisa ou pode ser mudado – um cronograma de trabalho mais organizado, talvez? Por último, é preciso mudar o foco. Principalmente em um momento como o que estamos vivendo, nossa saúde mental precisa ser preservada. A quantidade de informação está te deixando ansioso ou desmotivado? Mude o foco, diminua o ritmo.

Aqui, no InovaSocial, já foram produzidos diversos conteúdos que poderão facilitar essa jornada – não só sobre trabalho, mas também sobre lazer e saúde mental. Confira abaixo:

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Créditos: Imagem Destaque – Leszek Czerwonka / Shutterstock

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