Do espaço até o Brasil: Impacto social na reciclagem de resíduos plásticos

Do espaço até o Brasil: Impacto social na reciclagem de resíduos plásticos

No último sábado (02), a Estação Espacial Internacional recebeu uma recicladora que irá transformar resíduos plásticos em matéria-prima para a impressora 3D do local. Desenvolvida pela Made In Space, em parceria com a Braskem, o projeto audacioso é “a primeira operação comercial de reciclagem de plástico na história das missões espaciais”, segundo comunicado das empresas envolvidas.

O objetivo é ampliar ainda mais a autonomia e a sustentabilidade das missões espaciais, facilitando o cotidiano dos astronautas, que poderão transformar os resíduos plásticos em novos itens. A tecnologia utilizada para que a recicladora opere em gravidade zero foi desenvolvida pela Made in Space e passou por extensos testes desde 2016. Como processo de reciclagem, o equipamento irá moer os resíduos plásticos, fundi-los e produzir um novo filamento do mesmo polímero. Na sequência, este filamento poderá ser utilizado na impressora 3D para a manufatura de novos objetos. O processo de reciclagem é automatizado e requer intervenção mínima da equipe de astronautas.

“A recicladora em órbita poderá contribuir, por exemplo, com reposição de peças danificadas e produção de ferramentas sob demanda. Dessa forma, é possível fechar o ciclo do plástico na Estação Espacial, reduzindo a dependência de matérias-primas enviadas a partir da Terra”, explica Fabiana Quiroga, diretora de Economia Circular da Braskem na América Latina.

No espaço, reciclagem a todo vapor. No Brasil, um longo caminho para os resíduos

Segundo o relatório “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização”, da WWF, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, superado apenas por EUA, Índia e China. Infelizmente o cenário não é dos melhores e o país recicla apenas 1.28% das 11.4 milhões de toneladas de resíduos plásticos gerado todos os anos. Isso é algo bem abaixo da média global que, segundo a WWF, é de 9%.

A boa notícia é que temos muitos brasileiros lutando para reverter esse cenário. Na última segunda (04), o 15º Prêmio Empreendedor Social consagrou como grande vencedor da edição Henrique Guilherme Brammer Jr., engenheiro de materiais e fundador da Boomera, empresa especializada em reciclagem de resíduos e criadora da metodologia CircularPack®, que transforma o lixo em uma linha de produtos com causa, através de tecnologia, design e cooperativas de catadores, e inserindo as empresas na Economia Circular.

Prêmio Empreendedor Social da Folha de São Paulo 2019 - BoomeraPrêmio Empreendedor Social da Folha de São Paulo 2019 – Boomera

A história da empresa é uma aula de empreendedorismo social. Atuando com mais de 200 cooperativas e mais de 6 mil catadores, fez  a empresa, segundo a Gazeta do Povo, saltar “”de um faturamento de R$ 6 milhões em 2016 para 40 milhões no último ano. Para 2019, a perspectiva é que este número fique entre R$ 60 e R$ 70 milhões.”

Entre seus trabalhos, a Boomera já transformou resíduos plásticos dos oceanos em embalagem para a Positiva, marca de produtos de limpeza 100% naturais, veganos e biodegradáveis, comprando resíduos de cooperativas parceiras no litoral paulista e transformando em uma nova matéria-prima plástica, e em embalagens para a marca SOU, da Natura, onde o produto final é composto por 3 diferentes tipos de plásticos reciclado e transformados em resina plástica, que podem ser aplicadas em 12 tipos diferentes de novos produtos.

Durante a premiação, Brammer afirmou: “Dedico meu prêmio aos cooperados, que estão representados no carioca aqui e que têm a sua vida transformada através do lixo (…) Hoje são milhares de pessoas que vivem disso com sorriso no rosto. A gente sai impactado com o que essas pessoas conseguem com tão pouco, e que ajudam literalmente a limpar esse país”.

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Créditos: Imagem Destaque –  Rawpixel.com/Shutterstock

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