SDG-Washing: O que é e como as empresas podem (e devem) evitá-lo

SDG-Washing: O que é e como as empresas podem (e devem) evitá-lo

Após falarmos sobre pinkwashing, diversitywashing e greenwashing, um novo termo entra em pauta: SDG-Washing. SDG é uma sigla em inglês para Sustainable Development Goals — que em português são conhecidos como ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — e o termo aponta para empresas que divulgam sua contribuição positiva para alguns ODS, ao mesmo tempo que ignoram o impacto negativo sobre os outros ODS. Por exemplo, uma empresa de automóveis pode comercializar seus carros elétricos e ressaltar como isso contribui para o ODS 13 (Ação Contra a Mudança Climática Global); no entanto, se o cobalto de suas baterias é extraído por crianças de cinco anos no Congo, a empresa fere o ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico).

É claro que o mundo nunca alcançará os ODS sem a contribuição das empresas. Mas, apesar do fato de que elas podem fazer contribuições positivas para a sociedade — como criar empregos, encontrar soluções inovadoras para os desafios climáticos ou contribuir para o desenvolvimento do capital humano —, elas também podem causar ou contribuir para impactos negativos — como a exploração de mão de obra nas cadeias de fornecimento, danos ao meio ambiente ou práticas de corruptas.

Organizações da sociedade civil afirmam que a responsabilidade empresarial pelo respeito aos direitos humanos é muitas vezes vista apenas como uma questão de conformidade e gestão de risco, que subestima os impactos de desenvolvimento altamente positivos que serão alcançados através de um melhor tratamento dos milhões de trabalhadores e comunidades afetadas pelas atividades comerciais em todo o mundo. De fato, ainda há empresas que usam a seguinte desculpa: podemos ter trabalho forçado em nossa cadeia de fornecimento, mas temos um grande programa de bolsas para meninas. Isso é não é um cenário aceitável. As empresas não podem compensar sua contribuição negativa para um ODS contribuindo positivamente para outro.

E, então, o que as empresas devem fazer?

Em primeiro lugar, é preciso focar seus esforços sobre onde seus impactos negativos sobre os ODS são mais severos. Por outro lado, contribuir positivamente com os ODS é algo bom e que realmente pode fazer com que as empresas ganhem dinheiro. Segundo o relatório Better Business, Better World, da Business and Sustainable Development Commission, atingir os ODS abre US$ 12 trilhões em oportunidades de mercado nos seguintes sistemas econômicos: alimentação e agricultura, cidades, energia e materiais, saúde e bem-estar. Esses mercados representam cerca de 60% da economia global e são muito importantes dentro do cenário que os ODS pretendem alcançar. Para capturar essas oportunidades, as empresas precisam buscar a sustentabilidade social e ambiental com a mesma voracidade empregada para aumentar a participação de mercado e o aumentar a geração de valor para os acionistas. Se uma quantidade significante de empresas começar a fazer isso agora, o movimento em busca dos ODS ganha cada vez mais força. Mas se isso não acontecer, os custos e a incerteza resultados do desenvolvimento insustentável poderão aumentar até que não existe um mundo viável para se fazer negócios.

Em última análise, as empresas devem dar a devida importância a todos os ODS. Ter esse isso como base é algo essencial. Consiste em pensar sobre como, por exemplo, não ter trabalho infantil nas cadeias de suprimentos significaria para os ODS — e não em como um ato positivo pode compensar um ato negativo. Focar na gestão dos impactos negativos sobre os ODS é algo urgente. Essa abordagem, tomada em conjunto com o foco e os impactos positivos em determinados ODS, é uma receita para as empresas maximizarem sua contribuição para os ODS e se livrarem do terrível SDG-Washing.

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Banner exibido na ponte Rosie Hackett, em Dublin, sobre o rio Liffey. Por Derick Hudson / Shutterstock

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Créditos: Imagem Destaque — Blue Planet Studio / Shutterstock

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