A evolução dos ODS: O relatório 2018 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Parte 3

A evolução dos ODS: O relatório 2018 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Parte 3

No nosso terceiro e último texto sobre o relatório 2018 dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), veremos os resultados recentes dos últimos 7 objetivos e onde evoluímos (ou não). Caso você tenha perdido os outros textos, acesse aqui a parte 1 e a parte 2. Confira a seguir a lista com os ODS de 11 a 17:

ODS nº 11: Cidades e comunidades sustentáveis

Muitas cidades ao redor do mundo estão enfrentando sérios desafios na gestão da rápida urbanização. Problemas que vão da garantia de moradia e infraestrutura adequadas para apoiar populações crescentes, passando por questões relacionadas ao impacto ambiental da expansão urbana e redução da vulnerabilidade a desastres.

Quando o assunto é moradia, a situação segue estagnada. Apesar de uma leve melhora na proporção da população urbana global que vive em favelas, que caiu de 28,4% para 22,8% no período entre 2000 e 2014, o número real de pessoas que vivem em favelas aumentou de 807 milhões para 883 milhões.

Mas o grande problema deste tópico ainda é a poluição. Em 2016, cerca de 91% da população urbana em todo o mundo respirava ar que não cumpria as orientações de qualidade do ar da OMS. Mais da metade estava exposta a níveis de poluição do ar pelo menos 2,5 vezes mais altos do que o padrão de segurança. Estima-se que no mesmo ano, cerca de 4,2 milhões de pessoas morreram como resultado de altos níveis de poluição do ar ambiente.

Leia também: ODS 11 – Quayside, o bairro do futuro do Google

ODS nº 12: Consumo e produção responsável

Separar o crescimento econômico do uso de recursos é um dos desafios mais críticos e complexos que a humanidade enfrenta atualmente. A footprint* de recursos per capita dos países em desenvolvimento cresceu de 5 toneladas métricas, em 2000, para 9 toneladas métricas em 2017, representando uma melhoria significativa no padrão de vida material. A maior parte do aumento é atribuída ao aumento no uso de minerais não-metálicos, apontando para o crescimento nas áreas de infraestrutura e construção.

De acordo com um relatório recente da KPMG, 93% das 250 maiores empresas do mundo (em termos de receita) possuem relatórios sobre sustentabilidade, assim como três quartos das 100 maiores empresas em 49 países. Para completar o cenário, em 2018, cerca de 108 países possuem políticas e iniciativas nacionais relevantes para o consumo e a produção sustentáveis.

*O termo footprint é originário do conceito “Ecological Footprint” e sua finalidade é medir as necessidades da humanidade por recursos naturais, incluindo uso de terra, biodiversidade, água e ar.

Leia também: ODS 12 – Qual é o preço real das roupas que você compra?

ODS nº 13: Ação contra a mudança global do clima

Parece que o ser humano ainda não aprendeu que só temos este planeta e precisamos cuidar dos impactos no clima. O ano de 2017 foi um dos três mais quentes já registrados e ficou 1.1 ºC acima do período pré-industrial. O mundo continua vendo a elevação do nível do mar e condições climáticas extremas (a estação de furacões do Atlântico Norte foi a mais cara já registrada em 2017 e deve piorar com a chegada do Florence). A soma desses fatores mostra que é necessário uma ação urgente e acelerada em implementar os compromissos do Acordo de Paris.

Os países desenvolvidos seguem avançando no objetivo de mobilizar conjuntamente o montante de US$ 100 bilhões anualmente até 2020, com o objetivo de atender às necessidades de alívio dos impactos dos países em desenvolvimento, no entanto ainda precisa-se caminhar muito neste objetivo.

Leia também: ODS 13 – As mudanças climáticas e o impacto na vida das abelhas

ODS nº 14: Vida na água

O avanço do uso sustentável e conservação dos oceanos continua exigindo estratégias e gestões eficazes para combater a sobrepesca e o aumento de plantas aquáticas nas costas. A expansão de áreas protegidas para a biodiversidade marinha, a intensificação da capacidade de pesquisa e o aumento do financiamento para a ciência oceânica continuam sendo criticamente importantes para que possamos preservar os recursos marinhos.

O percentual global de unidades populacionais de peixes marinhos que se encontram em níveis biologicamente sustentáveis diminuiu de 90% (1974) para 69% em 2013. Além disso, as tendências globais apontam para a contínua deterioração das águas costeiras devido à poluição e à eutrofização (crescimento excessivo de plantas aquáticas). Sem esforços conjuntos, espera-se que a eutrofização costeira aumente em 20% até 2050.

Leia também: ODS 14 – Como as práticas pesqueiras nas Maldivas podem servir como exemplo para o mundo todo

ODS nº 15: Vida terrestre

O ODS nº 15 parece ter evoluído em alguns pontos e declinado em outros. A proteção dos ecossistemas florestais e terrestres está aumentando, e a perda de florestas diminuiu (passando de 4,1 bilhões de hectares em 2000 – ou 31,2% da área total – para cerca de 4 bilhões de hectares – 30,7% da área total – em 2015).

No entanto, desde 1993, o Índice da Lista Vermelha (Red List Index) de espécies ameaçadas caiu de 0.82 para 0.74, indicando uma tendência alarmante no declínio de mamíferos, aves, anfíbios, corais e cicas (espécie de vegetação). Os principais impulsionadores desse ataque à biodiversidade são a perda de habitat decorrente da agricultura não sustentável, desmatamento, colheita e comércio insustentáveis e espécies exóticas invasoras.

A caça ilícita e o tráfico de animais selvagens também continuam frustrando os esforços de conservação e foram registradas cerca de 7.000 espécies de animais e plantas no comércio ilegal em 120 países.

Leia também: ODS 15 – Qual o papel dos povos indígenas e das florestas em um futuro sustentável?

ODS nº 16: Paz, justiça e instituições eficazes

Muitas regiões do mundo continuam a sofrer horrores incalculáveis como resultado de conflitos armados ou outras formas de violência. Os avanços na promoção do Estado de Direito e do acesso à justiça ainda são desiguais. No entanto, estão sendo feitos progressos no acesso público à informação, ainda que lentamente, e no fortalecimento das instituições que defendem os direitos humanos em nível nacional.

Em 2014, a maioria das vítimas de tráfico eram mulheres e meninas (71%), e cerca de 28% eram crianças (20% meninas e 8% meninos). Mais de 90% das vítimas detectadas foram traficadas para exploração sexual ou trabalho forçado.

Já em 81 países – principalmente em desenvolvimento – 8 em cada 10 crianças, entre 1 e 14 anos, foram submetidas a alguma forma de agressão psicológica e/ou castigo físico regularmente em casa, de acordo com dados disponíveis de 2005 a 2017.

Segundo o relatório, pelo menos 1.019 defensores dos direitos humanos, jornalistas e sindicalistas foram mortos em 61 países desde 2015. Isso equivale a uma pessoa morta todos os dias enquanto trabalha para informar o público e construir um mundo livre de medo e carência. Complementando o relatório dos ODS, recentemente a ONU apresentou uma lista de 38 países que perseguem ativistas.

Leia também: ODS 16 – Construindo pontes no Afeganistão

ODS nº 17: Parcerias e meios de implementação

O objetivo 17 busca fortalecer as parcerias globais para apoiar e alcançar as metas ambiciosas da Agenda 2030, reunindo governos nacionais, a comunidade internacional, a sociedade civil, o setor privado e outros atores.

A participação das regiões em desenvolvimento nas exportações mundiais diminuiu por dois anos consecutivos: de 45,4% em 2014 para 44,2% em 2016. Além disso, em 2017, 102 países implementaram planos estatísticos nacionais. A África subsaariana permaneceu na liderança, com 31 países implementando tais planos; no entanto, apenas três deles foram totalmente financiados.

Por fim, o último objetivo mostra também que, em 2016, a banda larga fixa de alta velocidade atingiu 6% da população nos países em desenvolvimento e 24% nos países desenvolvidos.

Leia também: ODS 17 – Mulheres hondurenhas iluminam o caminho

___

Gostou do texto e quer fazer parte da nossa comunidade? Envie uma sugestão de pauta, um texto autoral ou críticas sobre o conteúdo para [email protected].

Compartilhe esse artigo: